Um agente funerário, de 56 anos, vai a julgamento por ter utilizado a identidade de um jovem já falecido para escapar a uma multa por excesso de velocidade.
O caso, insólito e perturbador, envolve o proprietário da funerária Funeralbi, que terá indicado às autoridades o nome de um defunto cujo funeral ele próprio organizara, escreve o Correio da Manhã.
A situação remonta a janeiro de 2024. No dia 25, o dono recebeu da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) uma notificação para identificar o condutor de um veículo da funerária, apanhado a circular a 102 km/h numa zona de 50, em Santarém, na noite de 31 de dezembro de 2023. A infração previa uma multa entre 300 e 1500 euros e suspensão da carta de dois a 24 meses.
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Para evitar estas consequências, o arguido terá preenchido o formulário da ANSR com os dados de Rodrigo Oliveira, jovem de 19 anos, falecido num acidente de viação em Idanha-a-Nova em 12 de janeiro de 2024. O funeral foi organizado pela Funeralbi, que tinha na sua posse toda a documentação do rapaz.
A identidade do jovem foi entregue às autoridades 12 dias após o funeral.
O esquema só foi detetado quando a notificação da coima chegou à casa dos pais de Rodrigo, que, ainda em luto, ficaram em choque ao perceber que a identidade do filho morto tinha sido usada para iludir as autoridades. A família apresentou queixa na PSP.
A mãe do jovem contou àquele jornal o impacto devastador: “Soubemos desta situação quando ainda estávamos a começar o luto. O que nos deixa ainda mais indignados é que era amigo de longa data do meu marido.”
Segundo a família, após ser confrontado pela polícia, o proprietário terá admitido a falsificação e pedido desculpa. Ainda assim, os pais de Rodrigo garantem que “vão levar o processo até às últimas consequências”.
Empresa e dono estão acusados de “falsificação ou contrafação de documento – crime punível com pena até 5 anos de prisão; utilização de dados para fins incompatíveis com o propósito da recolha – punível com pena até 2 anos de prisão”, pode ler-se na notícia.
A multa evitada pelos arguidos era de 300 euros, valor correspondente à infração registada.
Rodrigo Oliveira estudava em Idanha-a-Nova e jogava pelo Clube União Idanhense, onde cumpria a sua primeira época como sénior. Morreu num acidente a 12 de janeiro de 2024, deixando a comunidade escolar e desportiva profundamente abalada.
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