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Lucky Lux: o mundo num gira-discos em Coimbra

Angel Machado | 21 horas atrás em 30-07-2025

Com quase uma década de existência, a Lucky Lux, em Coimbra, é um espaço de culto para melómanos e colecionadores. Para além da venda de discos, promove edições limitadas, raridades e partilha de conhecimento com clientes de todas as idades — desde os antigos entusiastas até aos jovens que redescobrem o vinil.

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Rui Ferreira é o nome por detrás da Lucky Lux, nome de referência no panorama musical alternativo de Coimbra, conhecido pelo seu amor inabalável pelo vinil, pela rádio e pela preservação do formato físico da música.

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O seu interesse teve início em 1985, quando recebeu um rádio com FM, oferecido pela mãe. Foi então que começou a ouvir o programa Som da Frente, de António Sérgio — uma viragem determinante na sua formação musical. Nesse mesmo ano, comprou o seu primeiro vinil: “Steve McQueen”, da banda Prefab Sprout.

Na loja, é possível encontrar edições limitadas e especiais, muitas delas numeradas e exclusivas. Discos de vinil coloridos, capas com hologramas, discos que tocam ao contrário — tudo isso faz parte da paixão pelo objeto musical enquanto forma de arte. Rui recorda uma das maiores raridades que já vendeu: a edição em caixa metálica original do álbum “Metal Box”, dos Public Image Ltd., pela qual esperou mais de 30 anos. Para o empresário, os discos são investimentos culturais, e acredita mesmo num possível renascimento do CD, à semelhança do que aconteceu com o vinil.

Crítico da predominância do digital e do impacto dos algoritmos de plataformas como o Spotify, Rui defende a experiência sensorial e emocional de ouvir música em suporte físico: tocar o disco, ler a capa, conhecer o produtor, sentir o som verdadeiro. Para ele, a música é um investimento — cultural e emocional. “Posso ter mil músicas da minha editora na plataforma, mas o que recebo por ano equivale à venda de 50 discos físicos.”

Na cultura do vinil, há números que surpreendem: as circunferências de 7, 10 e 12 polegadas; os lados A e B com cerca de 40 minutos de música — o tempo ideal para essa experiência sonora única. O que impressiona é saber que, para extrair a melhor qualidade de som de um vinil, é necessário reproduzi-lo a 45 rotações por minuto. Parece magia numérica, mas é, na verdade, conhecimento — aquele que nos permite valorizar esta arte.

Toda boa história tem uma banda sonora, e Rui Ferreira sabe bem o que a música faz vibrar no sentido auditivo quando põe um vinil a tocar — expressão máxima da qualidade que um som pode transmitir. Vende discos, sim, mas é também curador da memória musical portuguesa, resistente do analógico e exemplo de como a paixão, quando levada a sério, pode transformar-se a vida numa dedicação à música.

A loja está aberta de 2ª a 6ª das 10:00 às 19:00 e Sábado das 10:00 às 18:00. Localizada na Rua Sargento Mor, nº 11.

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