Desporto

Louzan Skyrace integra circuito mundial de corrida de resistência em altitude

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 03-05-2022

A inclusão da Louzan Skyrace, na Serra da Lousã, no circuito mundial deste tipo de corridas de resistência a grandes altitudes, juntando-se ao Ultra Skyrunning Madeira, pode ter um impacto “gigante” para o país e para a modalidade.

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Será em 04 de setembro que a Lousã se vai juntar a um roteiro de 13 corridas, em 10 países, que arranca em França, no domingo, e chega à Madeira em 28 deste mês, num ‘périplo’ que vai ao Monte Awa, no Japão, mas também a topos na Áustria, Andorra, Espanha, Bulgária, Noruega, Suíça e Canadá.

Como ‘repetentes’, só mesmo os países ibéricos, com duas provas para portugueses e espanhóis, dando destaque na região à modalidade de ‘skyrunning’.

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“Para nós, basicamente, é o reconhecimento de um trabalho que já começou muito longe. Já fazemos este tipo de provas desde 1999, pelo menos. Houve um interregno pelo meio e acaba por ser o culminar de um esforço de uma equipa ainda bastante grande que organiza as provas”, explicou à Lusa Hugo Rodrigues, da organização do Louzan Skyrace.

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A prova foi criada em 2018, mas não esperavam que ‘subisse’ ao circuito mundial tão rápido, o que mostra que “tem qualidade e merece” a promoção.

Depois de em 2019 ter a primeira edição, que seria um ‘ano zero’, a pandemia de covid-19 colocou-a em suspenso, voltando em 2021, nova partida que, desta vez, chamou a atenção internacional.

“Para a Lousã, a nível turístico e de divulgação, é gigante, e mesmo para o país. (…) São duas provas, com a Madeira, e isso traz uma visibilidade… tudo bem que é um público específico, mas interessa à Lousã, que não é de turismo de massas, mas mais de natureza”, afirmou Hugo Rodrigues.

O circuito mundial, que fecha em outubro em Espanha com a Gorbeia Suzein, para a qual só os melhores se qualificam, já contou com o Circuito dos Três Cântaros, na Serra da Estrela, entre 2008 e 2010, na qual Rosa Madureira se impôs, como uma das portuguesas mais bem sucedidas neste palco.

Inicialmente destinada apenas às mais altas montanhas do globo, as regras e definição de ‘skyrunning’ foram sendo alteradas para poderem chegar a mais locais de prova e, por inerência, a uma base de atletas mais alargada, até pela combinação de outras especialidades, do trail ao ultramaratonismo e ao quilómetro vertical, permitindo que países como Portugal possam organizar provas, dado que o objetivo é que as corridas tivessem “uma média superior a dois mil metros de altitude”, o que em solo nacional, por exemplo, “nem no Pico” seria conseguido.

“A definição de ‘sky’ é mais linear até do que o trail. O trail pode definir-se como uma corrida em montanha, independentemente da distância ou altimetria, porque não existem mínimos nem máximos. No ‘sky’, há especificações muito mais técnicas, que têm de ser cumpridas para a prova ser classificada de ‘sky’, e que fazem com que a prova seja muito mais dura, exigente fisicamente, para os atletas”, descreveu Hugo Rodrigues.

Assim, neste momento “tem de atingir o ponto mais alto da montanha em que se está a percorrer”, utilizando as cristas das montanhas, e “quanto mais escarpado melhor”, para criar dificuldades que se ultrapassam de pé, com auxílio de bastões ou mesmo com as mãos, esta última outra condição indispensável para uma prova homologada.

Na Lousã, a corrida do segundo escalão “chega a zonas de 55% de inclinação durante uns bons metros”, e “lá acima a subida é mesmo vertiginosa”.

Antes, a ‘nata’ do ‘skyrunning’ mundial vai à Madeira em 28 de maio, num quadro em que “a oferta de provas tem crescido como cogumelos um pouco pela Europa”, destacou à Lusa Rodrigo Rato, da organização do Ultra Skyrunning Madeira, prova do primeiro nível.

O momento de “grande indecisão”, face à guerra na Ucrânia, também traz alguma incerteza quanto a inscritos em provas desportivas, sobretudo no arquipélago, muito procurado pelos “grandes eventos de ‘extreme outdoors’” mas com desafios a nível logístico, por ser “sempre uma deslocação complexa”.

A entrada da Lousã é motivo de regozijo também para os insulares, porque “quanto mais se tiver o primado da excelência em Portugal, melhor é”, num país “pequenino, mas com geografia muito diversa, riqueza extraordinária e dois arquipélagos que são destinos notáveis”.

“Tenho a opinião de que tudo o que se faça de bom em Portugal é sempre benéfico para qualquer prova, qualquer modalidade, no país. (…) O sucesso destas provas é quando o participante chega a casa e fala do sítio maravilhoso onde esteve, e isto aplica-se na Lousã, na Madeira, nos Açores, na Guarda, etc”, destaca.

A “segurança”, a excelência organizativa e o trabalho “de base”, com uma aposta nas corridas para os mais novos na ‘ementa’ de 2022, são chaves para Rodrigo Rato, que vê em Portugal um “mercado pequeno” face a países “com recursos infinitamente maiores”, o que requer um “trabalho em conjunto, sem quintinhas nem quintais”.

A corrida para crianças assume quase um papel de ‘creche nas alturas’, dado que não tem custos de inscrição e permite aos pais “levar o filho para um dia diferente”, sejam ou não também os mais graúdos participantes na corrida.

O Ultra Skyrunning Madeira realiza-se desde 2014 no concelho de Santana, em plena Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, com o Pico Ruivo, ponto mais alto da ilha, e o Pico Canário, como principais zonas ascendentes.

Depois de dois anos “que nem vale a pena falar”, devido à pandemia de covid-19, também na Madeira se vai viver uma espécie de “ano zero, um recomeço”, e um equilíbrio entre os apoios e a manutenção de uma boa organização face a um destino que “é hoje consolidado na gama de desportos ‘outdoor’”, em que muitos participantes trazem as famílias e fazem também turismo.

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