Toda a minha vida voei. De balão, de helicóptero, de avião a jato, de turbina. Hoje, que perco aviões, sinto saudades do PZL-Mielec M-18 Dromader, onde voei horas, sentado costas com costas com o piloto. Que adrenalina o trampolim quando, largadas as 3 toneladas de água sobre as chamas, subíamos aos céus. Do Pato, o MI-8, guardo poucas saudades, ia lá ficando, num dia de incompetência néscia, salvo do destrate por piloto ucraniano, sagaz e capaz. Assim a voar alto, parece que agora não gostamos dos marinheiros, vi a contagem dos votos migrantes, parece que para alguns há bons e maus, sabemos agora que o capitão da nau reformista basta para endireitar país.
Vejam o Reino Unido, com severa política de imigração, e os votos que deu. Sim, sim, eu quero ver musculo na fronteira com esse país inglês que não está na Europa das Comunidades. E mais Frontex em Calais, à ida e, sobremodo, à vinda. Passaportes na mão, castigo neles, os reles dos migrantes, eu que sou filho deles.
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Nisto, com clareza ufana, duas das maiores agências de ratings preferem governo AD com o apoio do PS. Foi assim, telegráfico. Fitch e Moody’s defendem manutenção de um regime de acordos entre PSD-CDS e PS que permitem, dizem, prosseguir a rota de “políticas prudentes” e “redução da dívida”, excluindo Chega da equação. Basta destes intrometidos, queremos é médicos, qualificadíssimos, 51.000 euros num dia de trabalho no maior hospital público do país ou 400 mil euros em 10 sábados.
Vendem-no vá, ao Serviço Nacional de Saúde. E, de caminho, compre um e leve dois, a Segurança Social também aguça apetites, fechou 2024 com um excedente recorde de 5 595 milhões de euros, porém, diz o Conselho das Finanças Públicas, pela primeira vez em três anos, a despesa cresceu mais (11,8%) do que a receita (10,4%). Comprar votos é negócio caro. Pagamos todos, para uns poucos.
Precisamos de restrições, mas os senhores da rede elétrica nacional, mas propriedade de um Estado autocrata, bem apregoam que têm estado a cair de forma gradual. Esta semana, a REN voltou a aceitar volumes maiores de energia espanhola a entrar em Portugal.
Nisto, sabemos que o apagão pede reforço de investimentos nas infraestruturas elétricas, mesmo que isso implique custos adicionais na fatura da luz. Isto diz a multinacional chinesa, que ricos vendedores nós somos. Ora bem, a Redes Energéticas registou lucros de 14,4 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, com um aumento dos resultados financeiros e efeitos fiscais positivos. Em 2024, os lucros atingiram 152,5 milhões de euros, entrementes a empresa antecipou a política de crescimento dos dividendos e aumentou-os em 2%, para 15,7 cêntimos por ação em 2025. E querem que a malta pague a concessão?
Peguem no ouro do Banco de Portugal, 382,7 toneladas, e façamos país novo. Para pagar as obras de arte é que jamais.
É que a ministra da Educação e Cultura moçambicana, Samaria Tovele, defendeu o regresso ao país dos artefactos e bens culturais roubados durante o período colonial. E pagam-nos as infraestruturas que lá deixámos? Linguagem vernáculo exige jargão e pináculo.
Felizmente vamos ter, eles dizem que não mas desconfiem, revisão constitucional.
E, finalmente, esse logo que possível. O Governo apelou aos proprietários para que, “logo que possível”, limpem os terrenos, com um prolongamento.
Também eu, “logo que possível” queria um país decente.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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