Assinaturas NDC

Apoie a nossa missão. Assine o Notícias de Coimbra

Mais tarde

Coimbra

Livro revela processo dos estudantes que participaram na crise académica de 1969

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 25-04-2019
 

O processo movido pelo Ministério da Educação contra 40 estudantes acusados de participarem na crise académica de 1969, em Coimbra, deu origem a um livro que revela, pela primeira vez na íntegra, todo o inquérito.

PUBLICIDADE

Gualberto Freitas, que se dedica à recolha e divulgação de documentos associados à luta contra o Estado Novo e ao pós-25 de Abril, recebeu, há dois anos, “um grande arquivo daquilo que era a Organização dos Estudantes Comunistas do PCP” e, no meio de muita documentação, comunicados, cartas e edições clandestinas do “Avante” e “Militante”, encontrou um “processo de tribunal”.

Depois de alguma pesquisa e de ter consultado algumas pessoas, chegou à conclusão de que era “o processo disciplinar levantado pelo Ministério da Educação aos 40 estudantes da Universidade de Coimbra, na sequência da crise académica”, contou à agência Lusa Gualberto Freitas.

Dois anos volvidos, o documento é revelado na íntegra no livro “O Processo – Os documentos da Crise Académica. Coimbra 1969”, da Edições Afrontamento, que será apresentado na sexta-feira, na República dos Corsários das Ilhas, em Coimbra, às 18:00, por Celso Cruzeiro, um dos principais dirigentes da revolta estudantil contra o Estado Novo.

Para Gualberto Freitas, que vai divulgando alguns dos milhares de documentos que lhe vão parar às mãos no blogue “1969 Revolução Ressaca” (1969revolucaoressaca.blogspot.pt), o inquérito “é uma pérola”.

Ao longo dos dois anos, falou também Alberto Martins, o presidente da direção-geral da Associação Académica de Coimbra aquando da crise académica, tendo conseguido reunir no livro, com 527 páginas, vários comunicados, fotografias e caricaturas, para além de todo o processo, que junta inquérito, depoimentos de testemunhas, acusação e a peça da defesa.

PUBLICIDADE

“Ninguém vai descobrir algo [com o documento], que vai virar tudo de pernas para o ar, mas é possível encontrar as posições, a quente, que aquelas pessoas, naquela altura específica, tomaram. É o principal processo durante a crise académica de 1969”, frisa, salientando que são ouvidos agentes da PIDE, professores, contínuos, o reitor da Universidade, diretores das faculdades e ainda archeiros da instituição.

O depoimento mais interessante para Gualberto Freitas é o de um archeiro da Universidade de Coimbra, “que diz que não viu, não sabe, não ouviu, não quer falar”.

No meio dos depoimentos, fica-se com a impressão de uma sociedade já em si dividida em relação ao Estado Novo, com diretores e professores a acusarem diretamente alunos e outros que “tentam salvaguardar os estudantes”, constata.

Para além da apresentação do livro, na República dos Corsários e na República dos Galifões, estarão em exposição 40 documentos originais da altura da crise, entre panfletos, caricaturas e outros documentos, avançou, referindo que está “completamente disponível” para depois disponibilizar a exposição noutro local da cidade, em parceria com as instituições locais, como a Universidade de Coimbra ou a Associação Académica.

Por ocasião dos 50 anos da crise académica, a República dos Corsários irá também criar uma pintura que recorda a sátira em torno da Queima das Fitas daquele ano (que não se realizou), bem como um mural feito por António Alves alusivo à efeméride.

JYGA // SSS

Lusa/Fim

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com