Política

 Livre quer que AD rejeite revisão constitucional e pede à esquerda “reflexão rápida”

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 horas atrás em 21-05-2025

O porta-voz do Livre apelou hoje à coligação PSD/CDS-PP que rejeite uma revisão constitucional nesta legislatura face à nova composição do parlamento e pediu à esquerda uma “reflexão rápida” antes das eleições autárquicas.

“Seria muito importante que o senhor primeiro-ministro, ao ser indigitado, e que será, naturalmente, Luís Montenegro, da AD, que desse sinais de que esta legislatura não é uma legislatura para fazer uma revisão constitucional”, considerou Rui Tavares, no final de uma audiência com o Presidente da República, de cerca de uma hora, no Palácio de Belém, sobre a formação do novo Governo, após as legislativas antecipadas de dia 18 que deram a vitória à AD – Coligação PSD/CDS-PP.

Acompanhado pela co-porta-voz do partido Isabel Mendes Lopes, e os deputados eleitos Jorge Pinto e Patrícia Gonçalves, Tavares apelou para que a AD rejeite uma eventual revisão constitucional, ou “ao menos que diga que nunca será a favor de nenhuma emenda à Constituição que, em vez de ter dois terços, não tenha um consenso que abranja, pelo menos, três quartos da Assembleia da República, – ou seja, que conte também, pelo menos, com o centro-esquerda”.

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Depois de esta manhã, também em Belém, o presidente da IL, Rui Rocha, ter anunciado que o seu partido vai apresentar um projeto de revisão constitucional para reduzir o “papel central” do Estado na economia, o dirigente do Livre criticou o ‘timing’ desta proposta face à nova composição parlamentar, que conta com um crescimento substancial do Chega.

“Já sabíamos que a Iniciativa Liberal gostava de motosserras, agora percebemos que gosta de mandar gasolina para o fogo”, criticou.

O dirigente do Livre salientou que este “não foi tema de campanha eleitoral e, portanto, não existe legitimidade para fazer uma revisão” que, na sua opinião, “constituiria uma mudança de regime”.

Quanto ao seu quadrante político, Rui Tavares disse ter partilhado com o Presidente da República que “a reflexão à esquerda sobre os resultados destas eleições deve ser uma reflexão grande, mas não pode ser longa”, avisando que as eleições autárquicas serão daqui a cerca de cinco meses.

Tavares considerou que a esquerda não se pode “dar ao luxo” de uma reflexão muito alongada, alertando que nas legislativas de domingo o Chega ficou “em primeiro lugar em dezenas de concelhos do país”.

O deputado insistiu várias vezes na ideia de que o país pode estar perante uma “crise de regime” caso a Constituição seja revista apenas pela direita e extrema-direita sem o voto favorável do centro-esquerda, mas também pelo risco de o Chega poder conquistar várias câmaras municipais e juntas de freguesia, o que significaria uma alteração substancial do mapa político português.

O dirigente do Livre pediu à esquerda que “desperte”, vá “ao encontro das populações” nas autárquicas e faça tudo o que estiver ao seu alcance “para que haja, na maior parte das câmaras possíveis nas quais a extrema-direita ficou em primeiro, listas progressistas nas quais os eleitores progressistas e democráticos saibam que podem votar”.

A possibilidade de uma coligação pré-eleitoral entre PS, Livre, BE e PAN à Câmara Municipal de Lisboa tem sido falada há meses, ainda sem acordo fechado. A CDU terá candidato próprio, o comunista João Ferreira.

Rejeitando uma esquerda “sectária”, Tavares pediu também pragmatismo aos restantes partidos da sua área política.

“Às vezes a direita é pragmática demais, mas que a esquerda não seja pragmática de todo pode significar, a partir de setembro, uma bela manhã de setembro, de uma segunda-feira, nós acordarmos com o mapa político do país completamente mudado, de uma forma que não será reversível, talvez em décadas”, avisou.

Tavares remeteu para as próximas semanas a posição do Livre em relação à moção de rejeição ao programa do Governo anunciada na terça-feira pelo PCP e também sobre uma eventual comissão parlamentar de inquérito ao caso ‘Spinumviva’, empresa familiar de Montenegro, que o Livre admitiu apresentar caso este voltasse a ser reeleito primeiro-ministro.

Faltando apurar os círculos da Europa e Fora da Europa, PS e Chega elegeram o mesmo número de deputados, 58, com uma ligeira vantagem, até agora, para os socialistas em número de votos.

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