A presidente da Liga Portuguesa Contra a SIDA (LPCS) alertou hoje para a importância da prevenção de infeções sexualmente transmissíveis, especialmente entre os jovens, com foco no uso consistente do preservativo.
“Apesar dos avanços da medicina que tornaram o VIH [vírus da imunodeficiência humana] numa condição crónica e controlável, tem que haver adesão às terapêuticas, tem que haver o uso consistente do preservativo, porque esta é a forma mais eficaz de prevenir o VIH e as outras infeções sexualmente transmissíveis [IST]”, disse à Lusa Maria Eugénia Saraiva.
Falando no âmbito dos 35 anos da LPCS, a responsável lembrou que o sucesso das terapêuticas tem contribuído para o afastamento do tema da agenda pública.
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“Já não se morre. Nunca se morreu de SIDA. Já não se morre das doenças oportunistas. E daí também os jovens saberem que é mais uma infeção, uma doença que tem uma tendência de cronicidade, mas tem tratamento”, referiu a presidente da LPCS, alertando para o risco de desvalorização da prevenção.
Maria Eugénia Saraiva recordou o Relatório da Infeção por VIH em Portugal 2024, segundo o qual Portugal ainda apresenta taxas de novos diagnósticos de infeção por VIH e de SIDA superiores à média da União Europeia, apesar de manter a tendência decrescente.
O relatório indica que foram notificados 924 novos casos de infeção por VIH em 2023.
A taxa de diagnóstico mais elevada registou-se no grupo etário dos 25 aos 29 anos, e 57,4% dos novos casos ocorreram entre os 20 e os 39 anos.
Estes números preocupam a LPCS, que defende a necessidade de campanhas direcionadas e adaptadas às linguagens e referências culturais das novas gerações, como a mais recente, lançada em colaboração com o MC Zuka, que recria a música “Rola” com uma nova letra que promove o sexo seguro.
“O funk realmente tem esta linguagem sexual, este ritmo, este tom e a energia. Mas queremos passar a tal mensagem que o prazer também se protege”, explicou a presidente da LPCS.
A Liga Portuguesa Contra a SIDA destacou ainda a importância de distinguir entre métodos contracetivos e métodos de prevenção de IST.
“Muitos confundem a pílula com o preservativo. E a pílula não previne as infeções sexualmente transmissíveis, como a sífilis ou a gonorreia, que são uma porta aberta também para a infeção por VIH”, alertou, sublinhando que a informação deve ser clara e acessível.
Recordando a atuação nas populações mais vulneráveis — como homens que têm sexo com homens, trabalhadores sexuais, imigrantes, pessoas em situação de sem-abrigo e utilizadores de substâncias psicoativas — Maria Eugénia Saraiva acrescentou que a LPCS continua a oferecer rastreios gratuitos e apoio através da sua unidade móvel.
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