Política

Líder do BE considera “equívoca” estratégia do Governo para recuperar país

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 18-04-2020

A coordenadora do BE considerou hoje que a estratégia apresentada pelo Governo para recuperar o país após a pandemia de covid-19 tem sido “equívoca”, ao dizer que recusa a austeridade, mas sem tomar medidas necessárias para a evitar.

PUBLICIDADE

cof

Em conferência de imprensa para apresentar as conclusões da Mesa Nacional do BE, que se reuniu por videoconferência, Catarina Martins foi questionada sobre a entrevista do primeiro-ministro ao Expresso, onde este reitera a recusa de austeridade, mas avisa que os apoios não podem ser ilimitados porque “a despesa de hoje é um imposto de amanhã”.

“Essa é uma frase equívoca porque investimento hoje é receita amanhã, emprego hoje é menos subsídio de desemprego e mais receita fiscal amanhã, foi isso que aprendemos com a crise financeira”, contrapôs a coordenadora do Bloco.

PUBLICIDADE

publicidade

Também “equívoca” foi como Catarina Martins qualificou a estratégia que o Governo tem anunciado para o país sair da crise económica e social que se seguirá à crise sanitária.

“Registamos intervenções em que o primeiro-ministro diz que a austeridade não deve ser repetida, mas registamos que há medidas que são ou não são implementadas”, disse, apontando três exemplos.

PUBLICIDADE

Em primeiro lugar, apontou, ao “não se terem proibido despedimentos e obrigado à reintegração de precários” às empresas que recebem ajudas do Estado, o Governo “está a deixar que se crie desemprego”.

Catarina Martins apontou o exemplo da Galp, que recorreu aos apoios previstos para o ‘lay-off’, mas “despediu trabalhadores precários e vai distribuir 300 milhões de euros em dividendos”, situação que considera “injustificável”.

“Se não queremos austeridade, não podemos permitir políticas destas, porque a austeridade é o sacrifício dos trabalhadores face ao aumento do lucro do capital”, disse.

A líder do BE acusou ainda o Governo de ser “equívoco” em relação ao sistema financeiro, mantendo a previsão de injeção de dinheiro no Novo Banco, e não impondo “comissões zero e ‘spreads’ com limites claros” para garantir que os apoios cheguem à economia.

Finalmente, em matéria europeia, Catarina Martins considerou que o ministro das Finanças tem, enquanto presidente do Eurogrupo, apoiado medidas que “significam mais endividamento hoje e mais austeridade no futuro”.

Em alternativa ao Mecanismo Europeu de Estabilidade, o BE já propôs um fundo de recuperação financiado diretamente pelo Banco Central Europeu e que, segundo Catarina Martins, “permitiria que os países pudessem investir em políticas contracíclicas sem ficarem presos a lógicas de dívida pública no futuro”.

Questionada se não teme que o PSD possa ocupar o papel de parceiro do Governo no pós-pandemia, Catarina Martins disse que “ninguém espera que o BE apresente propostas de austeridade”, e reiterou a disponibilidade para colaborar com soluções de “políticas contracíclicas”, que apoiem o investimento, o emprego e os salários.

“Não confundimos solidariedade com um Governo que está a combater a crise com um unanimismo que reduza a política a zero e faça com que, na ausência de proposta, seja a austeridade a parecer natural”, apontou.

Catarina Martins defendeu que o Estado e os partidos devem retirar lições da atual crise sanitária e o Bloco vai promover entre 27 e 29 de abril um ciclo de conferências ‘online’ para o qual convida “todos aqueles que estão interessados em alternativas à austeridade”.

Sob o tema “Aprender com a crise, recuperar a economia e o país”, as conferências juntarão “especialistas, economistas, ativistas e organizações”.

“A maior força que o país demonstrou ter foi um Serviço Nacional de Saúde e uma escola pública”, defendeu, rejeitando que agora possa estar no horizonte a não aplicação dos aumentos previstos para a função pública em 2021.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 154 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 497 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 687 pessoas das 19.685 registadas como infetadas.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE