Coimbra

Leslie: Parques de campismo devem ser desocupados em caso de tempestade

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 12-10-2019

O investigador de riscos naturais Miguel Almeida defendeu hoje que a prevenção de danos em equipamentos como os parques de campismo e caravanismo é a melhor forma de lidar com fenómenos do tipo da tempestade Leslie.

PUBLICIDADE

Em declarações à agência Lusa, o docente do Instituto Politécnico de Viseu salientou que este tipo de fenómenos é previamente conhecido pelas autoridades, pelo que a evacuação e desocupação daquele tipo de equipamentos deve ser a principal medida a tomar pelas entidades competentes.

“Este tipo de fenómenos é conhecido uns dias antes. E, no caso de parques mais costeiros, mais expostos a este tipo de fenómenos, pode pensar-se logo numa evacuação e desocupação total do parque”, frisou o professor, que é especialista em incêndios florestais.

PUBLICIDADE

Miguel Almeida, investigador na Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), sediada em Coimbra, salientou que “uma das consequências da Leslie nos parques de campismo foi a queda de árvores que estavam na periferia”.

“Se for feita a gestão de combustíveis, tal como é obrigatório, nós vamos ter aqui dois efeitos aparentemente contrários. Por um lado, vamos ter menos combustíveis de superfície e menos resistência ao vento, mas por outro lado nunca vamos ter árvores a cair para cima do parque, das tendas e das caravanas”, referiu.

PUBLICIDADE

publicidade

O docente disse que, nestes casos, quando existe ameaça à integridade humana das pessoas, é necessário “pensar em todos os esforços para que ninguém esteja em perigo de vida”.

Segundo Miguel Almeida, o Estado tem de se preparar para estas calamidades, que podem ser mais frequentes no futuro.

“Têm de existir equipas de intervenção para a recuperação imediata, não só nos incêndios, como em todas estas calamidades naturais que acontecem”, frisou.

O investigador critica o tempo de recuperação dos danos após a tempestade Leslie, dando como exemplo o espaço circundante ao parque de campismo da Orbitur, na Gala (Figueira da Foz), que até ao verão conservou todos os destroços de madeira, aumentando o risco de incêndio.

“A prevenção dos danos é muito importante, mas depois não se pode potenciar o chamado efeito cascata dos perigos. Depois do furacão, nada foi feito para remover aquela mata de combustíveis seca, disponível para arder, que poderia ter resultado num incêndio muito grande durante este verão”, sublinhou.

Na região Centro, a tempestade Leslie provocou avultados prejuízos nos parques de campismo de Alcobaça, Figueira da Foz, Pedrógão e Vieira de Leiria, tendo provocado quase duas centenas de desalojados.

A passagem da tempestade tropical nas zonas mais afetadas de Portugal terá causado ventos de 180 a 190 quilómetros/hora, superiores aos registados, até então, nas estações meteorológicas oficiais, estimou na ocasião o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

A Leslie está “no top três das tempestades atlânticas com os valores mais elevados de vento” registados em Portugal, ainda de acordo com o IPMA.

O ciclone tropical atlântico Leslie, formado em 22 de setembro de 2018, atingiu Portugal Continental em 13 de outubro do mesmo ano, sendo esta a terceira vez que um furacão atingiu o território continental de Portugal, este o mais forte desde 1842.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE