Primeira Página

 “Legislação está pendurada”. BE quer assistentes pessoais para cidadãos com deficiência 

Notícias de Coimbra | 3 meses atrás em 03-05-2025

A coordenadora nacional do BE defendeu hoje o acesso por pessoas com deficiência a um assistente pessoal que permita que estes cidadãos sejam mais autónomos, acusando o Governo de deixar a legislação sobre esta matéria “pendurada”.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

publicidade
publicidade

“Fizemos uma legislação, nomeadamente para um fator crucial da independência das pessoas com deficiência, que são os assistentes pessoais. Foi lançado um projeto-piloto e houve mil pessoas neste programa. Entretanto, o projeto-piloto chegou ao fim e o Governo mais nada fez e nós continuamos com uma legislação que foi feita, que está pendurada”, criticou.

PUBLICIDADE

Mariana Mortágua falava na Avenida da Liberdade, em Lisboa, à margem da “Marcha pela Vida Independente”, iniciativa que estará hoje em oito cidades do país para assinalar o Dia Europeu da Vida Independente.

A líder bloquista referia-se ao programa “Modelo de Apoio à Vida Independente – Assistência Pessoal” (MAVI), aprovado pelo parlamento em 2017, que consiste na disponibilização de assistência pessoal a pessoas com deficiência ou incapacidade, através de Centros de Apoio à Vida Independente (CAVI) para a realização de atividades diárias como alimentação ou deslocações.

O projeto-piloto decorreu entre 2018 e 2023 e a portaria publicada em 2023 com efeitos a partir do ano passado.

“Um dos maiores problemas que afeta as pessoas com deficiência é a falta de capacidade do Estado para dar condições para que as pessoas se autonomizem e isso faz com que, sistematicamente, tenhamos uma parte da população que é inferiorizada, que é tratada como se não tivesse autonomia, que é institucionalizada sem qualquer necessidade disso e que é privada de ter uma vida autónoma e de fazer as suas escolhas diariamente”, alertou.

Acompanhada pelo ex-deputado do BE Jorge Falcato Simões, cujas dificuldades motoras levaram a que o parlamento instalasse pela primeira vez uma plataforma elevatória para que deputados em cadeira de rodas conseguissem aceder ao púlpito, Mortágua rejeitou a ideia de um “Estado social caritativo”, almejando “um Estado que inclui, que dá autonomia, que dá independência”.

Mariana Mortágua aproveitou a ocasião para deixar uma ‘farpa’ aos partidos à direita, afirmando que não se pode “ao mesmo tempo tratar o Estado como se fosse um alvo a abater” e dizer que “queremos uma sociedade inclusiva e igualitária”.

“A participação de todos em igualdade de circunstâncias na sociedade exige um Estado que garanta condições de justiça e é isso que nós vimos aqui exigir, condições de justiça”, argumentou.

Mariana Mortágua apelou para que esta lei seja agilizada e “possa seguir em frente”.

Numa marcha na qual também marcaram presença PCP e Livre, a dirigente do BE foi questionada sobre se o voto à esquerda está hoje mais fragmentado, respondendo que “o mais importante é que quanto mais gente houver a lutar pelos direitos todos e pela igualdade, melhor”.

“Quando temos uma extrema-direita no parlamento que não tem nenhum problema em insultar quem quer que seja, a fazer tábua rasa de toda a luta pelos direitos das pessoas com deficiência; quando temos um governo que não respeita a legislação que conseguimos fazer e que não respeita os programas e a lei para a vida independente, quando temos um investimento muito abaixo da média europeia e se queremos falar sobre inclusão, se queremos falar sobre igualdade, sobre os direitos das pessoas, sobre independência, sobre autonomia, temos que levar muito a sério estas reivindicações”, argumentou.

Interrogada sobre o facto de o presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter admitido um aumento extraordinário das pensões, Mortágua afirmou que os aumentos de reformas têm sido utilizados como “arma de campanha”.

A bloquista considerou mais prioritário “olhar para a Segurança Social do ponto de vista da sua sustentabilidade” e definir regras para que quem tenha 20 anos de descontos receba uma pensão acima do limiar de pobreza.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE