Política

Lacerda Machado usava “amizade” com António Costa para pressionar Governo

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 6 meses atrás em 08-11-2023

A equipa liderada por três procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) descreve a existência de reuniões suspeitas entre Diogo Lacerda Machado, advogado e amigo de António Costa, com o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, no seu local de trabalho na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento.

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Segundo o Ministério Público (MP), essas reuniões aconteciam também num gabinete usado por Escária na sede do Partido Socialista, no largo do Rato, em Lisboa. Mas não só.

A notícia é avançada pelo Expresso e mostra os documentos a que teve acesso onde referem que estes encontros podiam ser marcados no escritório da Start Campus, empresa investigada neste caso de negócios de hidrogénio verde e lítio ou ainda acontecer com “almoços e jantares privados” em que em algumas ocasiões as refeições atingiam um “valor não despiciendo”.

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Quem pagava as refeições? “Os donos da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, detidos na operação do DCIAP e da PSP esta terça-feira. O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, almoçavam e jantavam por isso sem nada pagar, de acordo com os procuradores”, refere.

Lacerda Machado atuava como pivot destes acordos informais. Segundo o MP, o advogado foi contratado pelos investidores da empresa com o objetivo de “aproveitar a sua relação de amizade próxima com o primeiro-ministro”, bem como da relação de “proximidade” com Vítor Escária, os dois igualmente detidos esta terça-feira no âmbito das mais de 42 buscas a ministérios, empresas e residências.

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Lacerda Machado usaria essa proximidade para pressionar outros membros do Governo, através de Vitor Escária, bem como entidades como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) ou o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, também detido, para “conferir andamento mais célere e favorável” a assuntos de interesse da Start Campus.

No comunicado público da Procuradoria-Geral da República (PGR), a investigação refere a existência de conversas em que o nome do primeiro-ministro surge entre alguns suspeitos “para desbloquear procedimentos”, estando agora o MP do Supremo Tribunal de Justiça a investigar se António Costa tem algo a ver com os negócios realizados por estas figuras.

Em causa, segundo o MP, estão crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência, realizados em três diferentes frentes: as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas); um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines e o projeto de construção de “data center” desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade “Start Campus”.

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