O adolescente de 14 anos (filho mais novo) que matou Susana Gravato, vereadora da Câmara Municipal de Vagos, estaria a planear fugir de casa quando a mãe o surpreendeu na habitação.
Durante o primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Família e Menores de Aveiro, o jovem terá confessado que pretendia levar a mota e a arma do pai, assim como algum dinheiro do cofre da família, e fugir com um amigo, refere O Ponto.
O crime chocou a comunidade local e o país. No dia seguinte, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou ter identificado o filho mais novo da vítima como principal suspeito, com fortes indícios de homicídio qualificado.
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Apesar da gravidade do ato, não teriam sido encontrados sinais de conflitos familiares relevantes. A PJ admite que a origem do crime pode estar relacionada com um problema mental até então não diagnosticado do jovem.
A psicóloga clínica e forense Mariana Moniz explicou que certas perturbações, como a perturbação de oposição ou de personalidade antissocial, podem estar associadas a comportamentos agressivos, mas o diagnóstico em adolescentes é muitas vezes evitado, dado que esta fase da vida ainda é de desenvolvimento.
O adolescente confessou aos magistrados que gostava da mãe, mas não conseguiu explicar o motivo do disparo. “Mesmo jovens inseridos em famílias pró-sociais podem, em casos excecionais, cometer atos violentos”, referiu Mariana Moniz, destacando que “a adolescência é um período particularmente suscetível a problemas de saúde mental devido a alterações físicas, cerebrais, hormonais e sociais”.
Por ter menos de 16 anos, o jovem não é criminalmente imputável. O tribunal determinou que ele fique internado num centro educativo em regime fechado por três meses, medida que será revista ao fim de dois meses e poderá prolongar-se, no máximo, por seis meses.
A psicóloga sublinha que, embora casos como este sejam raros e excecionais, é fundamental potenciar fatores de proteção, oferecendo apoio e atenção para prevenir situações semelhantes no futuro.
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