Coimbra

José Manuel Pureza defende que custos do uso indevido das armas devem ser divulgados

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 10-10-2013

O investigador José Manuel Pureza defendeu hoje que os custos muito elevados resultantes do uso indevido das armas deviam ser divulgados para serem reduzidos, o que representaria um “contributo importante” para o equilíbrio das contas públicas.

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“Numa altura em que a sociedade portuguesa está tão fustigada de custos económicos de tudo o que faz no dia-a-dia seria muito importante que fossem divulgados com intensidade os estudos que existem e apontam custos imensos para a sociedade resultantes dos impactos negativos das armas de fogo”, disse o investigador e coordenador do Núcleo de Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz do Centro de Estudos Sociais (CES).

Estes custos atingem o setor hospitalar, da justiça, policial e prisional, mas também se sentem na perda de produtividade das vítimas e dos seus familiares, adiantou o investigador, que falava à agência Lusa a propósito da conferência “A violência da crise e a proliferação das armas”, que decorre sábado em Lisboa.

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O CES da Universidade de Coimbra divulgou em 2010 um estudo, referente ao período 2003/2008, que “(sub)estimava” um gasto médio anual para o Estado de cerca de 108 milhões de euros em custos diretos (tratamento hospitalar e perda de produtividade) e indiretos (como sofrimento e perda de qualidade de vida) dos crimes com armas de fogo.

Seria “muito importante” que houvesse “uma campanha forte no sentido de os imensos custos para a sociedade portuguesa, resultantes do uso indevido de armas de fogo, poderem efetivamente ser diminuídos, porque seria um contributo muito importante para o equilíbrio das contas públicas”, defendeu o investigador.

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Para o investigador, é muito importante que haja estudos periódicos que mostrem esses números para que a sociedade portuguesa os conheça e para que se possa confrontar com eles.

“Esses números existem, são públicos e são números impressionantes de custos para a saúde” e com “um impacto incalculável na vida e na tranquilidade das pessoas”, sublinhou.

José Manuel Pureza explicou que estes números não são divulgados porque a sociedade ainda tem a crença de que Portugal é um “país de brandos costumes”.

“Nós temos uma imagem feita, pouco discutida, que de que somos uma sociedade pacífica” e que os casos de violência armada são “meros episódios e, portanto, continuamos a viver à sombra de uma imagem feita que não corresponde à realidade”.

Contudo, advertiu, Portugal tem “um volume de armas ligeiras, legais e ilegais, de dimensão preocupante” e existem “comportamentos quotidianos, designadamente no foro doméstico, em que a existência de uma arma de fogo é um elemento central, seja porque é utilizada ou porque existe a ameaça de vir a ser utilizada”.

O estudo do CES “Violência e armas ligeiras: Um retrato português”, divulgado há três anos, estimava a existência em Portugal de 1,2 milhões de armas de fogo ilegais e 1,4 milhões legais, sem contar as pertencentes a forças de segurança e militares.

“Na verdade, dizermos que somos uma sociedade de brandos costumes é uma distorção da realidade”, comentou o investigador.

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