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Jorge Bom Jesus pede inquérito internacional após ataque ao quartel militar

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 27-11-2022

O ex-primeiro-ministro são-tomense Jorge Bom Jesus pediu um “inquérito internacional” para avaliar o ataque a um quartel militar, na sexta-feira, que condenou, repudiando “a forma exageradamente musculada e arbitrária como o poder tem gerido a situação”.

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“Foi com grande tristeza e preocupação que tomei conhecimento da tentativa de assalto ao quartel militar e sobretudo o trágico desfecho de mortos e detenção do ex-presidente da Assembleia Nacional, o deputado Delfim Neves, a quem endereço uma palavra de conforto e muita força à família”, afirma Jorge Bom Jesus, numa publicação na sua página no Facebook.

O líder do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) chefiou o Governo de São Tomé e Príncipe até ao passado dia 07 de novembro, na sequência das eleições legislativas de setembro, em que a Ação Democrática Independente (ADI), de Patrice Trovoada, venceu com maioria absoluta.

“Sendo condenável qualquer ato de alteração da ordem constitucional, em regime democrático, também não se pode aceitar a forma exageradamente musculada e arbitrária como o poder tem gerido a situação. A maioria absoluta não deve ser confundida com o absolutismo, não se pode esmagar os direitos humanos elementares de cada um”, diz o ex-primeiro-ministro, que afirma estar ausente do país para participar no XXVI Congresso da Internacional Socialista, em Madrid.

Na madrugada de sexta-feira, quatro homens atacaram o quartel das Forças Armadas, na capital são-tomense, num assalto que se prolongou por quase seis horas, com intensas trocas de tiros e explosões, e em que fizeram refém o oficial de dia, que ficou ferido com gravidade devido a agressões.

O ataque foi neutralizado pelas 06:00 locais (mesma hora em Lisboa) desta sexta-feira, com a detenção dos quatro assaltantes e de alguns militares suspeitos de envolvimento na ação. Foram também detidos pelos militares o antigo presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves (que concluiu igualmente o mandato este mês) e Arlécio Costa, antigo oficial do ‘batalhão Búfalo’ que foi condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de Estado, alegadamente identificados pelos atacantes como mandantes.

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Dos quatro atacantes, três morreram, bem como o suspeito Arlécio Costa.

“As Forças Armadas devem remeter os detidos para as autoridades judiciais para investigação, evitando justiça com as próprias mãos”, prossegue, no comunicado, Bom Jesus, que critica ainda a reação do seu sucessor neste processo.

O primeiro-ministro, defende, que “não deve usurpar competências de outros órgãos de soberania”, questionando: “Onde estão os tribunais, a sociedade civil e a comunidade internacional e a classe política em geral?”

Jorge Bom Jesus pede “o envio célere de uma comissão de inquérito internacional para avaliar ‘in loco’ esta situação sem precedente em São Tomé e Príncipe” e apela para a comunidade internacional sobre a situação política no país.

“Não deve haver espaço para a implantação de uma cultura de ódio, vingança e medo” em São Tomé e Príncipe, sublinha.

O MLSTP já pediu um debate de urgência no parlamento e alertou para a “tendência de instalação de um governo ditatorial no arquipélago”.

“Perante as evidências dos atos de 25 de novembro e as ações subsequentes, o MLSTP/PSD alerta a população e a comunidade internacional sobre a tendência para a instalação de um governo ditatorial com objetivo de amordaçar a democracia e intimidar os opositores através da instalação do terror, medo e perseguição”, disse o deputado e membro da comissão política do MLSTP-PSD, Raul Cardoso.

O representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a África Central, Abdou Abarry, e o presidente da comissão da Comunidade Económica de Estados da África Central, o angolano Gilberto Veríssimo, que estão no país desde sábado para encontros com as autoridades, já manifestaram apoio à realização de um inquérito à “inaceitável” tentativa de golpe de Estado.

O primeiro-ministro, Patrice Trovoada, anunciou, cerca das 09:00 de sexta-feira (hora local, a mesma hora em Lisboa), que o país tinha sido alvo de uma “tentativa de golpe de Estado”, que foi neutralizado cerca das 06:00, e que as Forças Armadas tinham “a situação sob controlo”.

O Presidente da República, Carlos Vila Nova, convocou para esta manhã uma reunião urgente do Conselho Superior de Defesa Nacional e cancelou a visita oficial a Cabo Verde que iria realizar a partir de hoje.

Portugal, Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau já condenaram o ataque.

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