Teve lugar ao final da passada quarta-feira, dia e 11 de junho, o descerramento da placa toponímica «Rotunda Poeta Joaquim Namorado», junto ao centro de Saúde de Buarcos (rotunda que cruza a Avenida Dr. Mário Soares com a Rua da Várzea).
A atribuição do topónimo, aprovada por unanimidade em reunião de toponímia de 10 fevereiro de 2025, foi para o Presidente da Câmara Municipal da Foz, Pedro Santana Lopes, “um ato de justiça, ainda que tardio”, que fez alusão ao seu anterior mandato, no qual decidiu não dar continuidade ao Prémio Joaquim Namorado, uma responsabilidade que o autarca assumiu como inteiramente sua e não da então responsável municipal pela cultura.
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Pedro Santana Lopes assumiu ainda que, à data, a autarquia atribuiu um novo nome ao prémio literário, «João Gaspar Simões», que ainda hoje promove, mas que deveria ter-se mantido o «Prémio Joaquim Namorado» ou, “ter criado outro”.
O edil sublinhou a sua satisfação em poder ter tido a oportunidade de reparar uma falta “que estava para ser reparada” e que o foi “por sua iniciativa”.
Para além do Presidente da Câmara Municipal a cerimónia contou com a presença da filha, netos e bisneto de Joaquim Namorado; do presidente da Assembleia Municipal, José Duarte Pereira; da presidente da Junta de Freguesia de Buarcos e São Julião, Rosa Batista; dos vereadores do executivo municipal; de personalidades de diversas áreas e das Guardas de Honra dos Bombeiros Voluntários e Sapadores Municipais.
Na sua intervenção, a presidente da Junta de Buarcos e São Julião salientou que “honrar a memória de Joaquim Namorado é não permitir que caia no vazio e no esquecimento muito daquilo que foram as suas vivências por estas terras.”
“Foi aqui que passou muito tempo, foi aqui que discutiu muitas ideias, e, portanto, entendemos [executivo da junta de freguesia] que este seria o local mais próximo daquela que foi a sua residência aqui na Figueira da Foz”, referiu a autarca.
“Tenho a certeza de que Joaquim Namorado onde se encontra também está feliz com esta atribuição”, advogou Rosa Batista.
Maria Teresa Namorado, filha do homenageado, agradeceu em nome da família, e em nome próprio, dos filhos, sobrinhos e netos e também de sua irmã, “muito recentemente falecida”, a “distinção e enorme honra que o município da Figueira da Foz” prestou “ à memória de seu pai, “que não nasceu nem faleceu na Figueira da Foz, mas que fez desta cidade a sua terra, encontrando em muitos figueirenses, em muitos jovens universitários, um conjunto de correligionários políticos e intelectuais, uma plêiade de amigos e camaradas que consigo pensaram e defenderam as causas e os valores da liberdade e da democracia por que ele tanto pugnou”.
“O seu pensamento ideológico e o seu ativismo político, cívico e intelectual deixaram marca em muitas gerações” frisou Maria Teresa Namorado, que recordou que “a nossa casa na Serra era um entra e sai de amigos reunidos em seu torno, em tertúlia constante”.
A finalizar a sua intervenção, a filha de Joaquim Namorado sublinhou que “nestes tempos desconcertantes e incertos que vivemos”, há um poema do pai, de que gosta muito, que lhe vem muitas vezes à memória, pela sua “atualidade”, «É preciso que saibas»:
Se espetas / Certeiro/ Ao coração do Povo/ É a ti que feres.
Se cercas / De grades / A vida do Povo / É a ti que prendes.
Se julgas / Sem Justiça / O direito do Povo / É a ti que condenas.
Se negas / A verdade / À palavra do Povo / É a ti que mentes.
Se lavras /No duro chão dos dias / O tempo futuro / É nele que vives.
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