Desporto

Japoneses querem apresentar projeto aos sócios da Académica

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 14-11-2019

 

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Grupo japonês quer participar em futura Sociedade Anónima Desportiva (SAD) da Académica (AAC/OAF). Não exige maioria das ações, mas deseja assegurar a gestão da eventual futura entidade.

Notícias de Coimbra conversou com Eduardo Baptista, que representa  MLS Management, um grupo dirigido por uma antiga estrela do futebol nipónico.

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Eduardo Baptista está radicado no Japão, onde tem uma longa carreira no setor público e privado, tendo sido diretor do Pavilhão de Portugal na Exposição Mundial Aichi 2005.

Tem origens familiares e desportivas em Coimbra, onde dirigiu a seção de Karate da Académica e se licenciou na Universidade.

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Contou-nos que o grupo está interessado em investir em Portugal porque “o futebol português está bem cotado” e porque o “mercado português ainda é um mercado barato em relação a outras ligas europeias”.

Eduardo Baptista revela que os japoneses estavam interessados em comprar uma equipa, mas quando souberam que ele era da Académica, disponibilizaram-se para investir no clube de Coimbra.

Em maio, na primeira vez que fui falar com eles, levava um boné da Académica, eles já sabiam que a Académica era um clube único, revela Eduardo Baptista, que intermediou a aproximação com Pedro Roxo, Presidente da Académica.

Em julho, dois representantes do MLS estiveram em Coimbra, onde negociaram com Pedro Roxo e visitaram as instalações da Académica.

Os japoneses com dirigentes da Académica no Estádio Municipal de Coimbra em meados de 2019

Gostaram de Pedro Roxo, gostaram das instalações, foram bem impressionados, assevera Eduardo Baptista.

O intermediário assegura que existiu troca de informações entre as duas entidades sobre a situação financeira da Briosa.

Pedro Roxo enviou mesmo um “memorandum of understanding” com o objetivo de fechar negócio até agosto, colocando como exigência a antecipação de uma verba na assinatura do “memorando de entendimento”.

Os japoneses, que “não fazem as coisas a mata-cavalos”, entenderam  “que era um timming irrealista” e que o mais adequado seria fazer negócio até final do ano de 2019.

Disponibilizando-se para de imediato trabalharem em conjunto com a direção academista, mas essa sugestão não foi bem acatada por Pedro Roxo, que teria pressa em assinar contrato para garantir a entrada de dinheiro na Académica, gerando um impasse negocial, pois os putativos investidores acham que a pressa não é boa conselheira para quem quer ficar muitos anos em Coimbra.

O representante dos japoneses lamenta que os dirigentes da Briosa não permitam que os sócios possam ter a noção que “há alternativas ao BMG, que serão mais benéficas para a Académica” e adianta que não lhe deixaram apresentar a proposta no último Conselho Académico.

Eduardo Baptista frisa que os investidores não fazem questão de ter a maioria de uma futura SAD, desde que exista um contrato que lhes permita assegurar a gestão profissional do clube. 

Admitindo  que nunca fizeram uma proposta concreta, o pivot dos japoneses dá a entender que o dinheiro não é problema, que a sua proposta não será inferior a outras e garante que o grupo pode assegurar 8 milhões de euros.

A MLS pretende implementar um “modelo japonês de organização”, “a profissionalização da estrutura”, mas sem descartar a presença de Pedro Roxo na SAD.

Admitindo que possam “ter chegado tarde” e que a “proposta não está contabilizada”, os japoneses afirmam que podem avançar com números até final do ano.

É importante que os sócios e órgãos sociais saibam que há possibilidades reais de haver propostas alternativas, que protegem mais a Académica, frisa Eduardo Baptista, que ainda acredita poder apresentar a sua ideia aos sócios da Briosa.

O consultor salienta que os japoneses estão interessados em “puxar para cima” as seções amadoras da Académica e fomentar o intercâmbio empresarial e cultural entre Coimbra e o Japão, destacando desde já a geminação entre Coimbra e Kyoto.

Depois de ter ouvido Maló de Abreu, líder a Assembleia Geral da AAC/OAF, a falar em transparência, Eduardo Baptista espera que os órgãos sociais da instituição passem da palavras aos atos e mostrem aos aos sócios que há mais do que uma proposta. 

Pedro Roxo deixou de negociar porque se comprometeu com outros? Só ele é que pode responder, afirma Eduardo Baptista, antes de garantir que “a nossa ideia é trabalhar com ele e não contra ele, se ele já tem outras opções em mente, não posso dizer”

Para os japoneses é essencial que a Académica seja dos sócios, com o valor histórico que tem, com o emblema que tem, com a identidade que tem,  conclui Eduardo Baptista.

Pedro Roxo foi eleito presidente da Académica no dia 1 de junho de 2019, mas é líder do clube desde 2017, altura em que o então presidente Paulo Almeida deixou o comando do clube.

Durante a campanha garantiu que tem um parceiro financeiro interessado em investir 30 milhões de euros na ‘briosa’ em 10 anos, se o clube alterar o atual modelo de gestão,

Nunca disse quem seria esse investidor, mas fontes próximas da direção garantem que é o banco BMG.

O líder da instituição bancária brasileira chegou mesmo a declarar que estava a comprar o “Acadêmica de Coimbra”, informação não foi confirmada ou desmentida pela Académica.

Pedro Roxo também prometeu colocar a Académica no top 5 da primeira divisão.

O clube ocupa o 15º lugar da segunda Liga. Com apenas 9 pontos, deixou fugir os lideres Covilhã e Farense com 24 pontos.

No dia em que foi eleito, Pedro Roxo disse que, “em breve”, iria iniciar “o processo de constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva, que terá de ser validada pelos sócios”.

No entanto, foram necessários 5 meses para a Académica emitir um comunicado onde anuncia que o processo da SAD vai começar a ser discutido a partir de 21 de novembro, mas o nome do alegado investidor ainda não é referido nessa comunicação.

Os dirigentes já disseram que a AAC/OAF e AAC/OAF SDUQ têm um passivo de cerca de 10 milhões de euros, facto que coloca as duas instituições em situação de falência técnica.

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