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Jantar de olhos vendados em Coimbra mostra um “flash” da rotina dos cegos

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 01-11-2013

A Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) organizou na noite de quinta-feira, na Escola de Hotelaria de Coimbra, um jantar às escuras, em que os participantes puderam perceber os “desafios” de uma refeição privada da visão.

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Cinquenta pessoas participaram na iniciativa da ACAPO e entraram na sala de jantar de olhos vendados, orientadas por empregados de mesa que indicavam o caminho.

Os participantes tentaram descobrir o que tinham na mesa através de apalpações, ouvindo-se o tilintar dos copos e dos talheres, barulho que serviu de paisagem sonora até ao final da refeição.

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Enquanto as pessoas tentavam perceber quem estava ao seu lado, alguns não evitaram tirar a venda, fosse para ver o que estava na mesa, fosse para olhar para o telemóvel.

Paulo Paulino, aluno da escola, considerou que era “mais difícil para os participantes conseguirem comer de olhos vendados” do que o aluno fazer o seu serviço de empregado de mesa, em que apenas teve que “verbalizar muito mais do que o normal”, quer avisando da sua chegada à mesa, quer a descrever o prato que servia.

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Para além do tilintar dos copos e talheres, a sala tornou-se bastante barulhenta durante o jantar, por os participantes, ao falarem, “não terem a noção da distância a que estava a outra pessoa”, explicou uma técnica da ACAPO.

Entretanto, José Mário Albino, diretor técnico da delegação da ACAPO de Coimbra, sugeriu que os presentes “usassem o seu espírito de aventura”, antes de a sopa ser servida.

Alberto Grandim, de 50 anos, afirmou que comer a sopa “foi tranquilo”, causando-lhe apenas uma sensação de “estranheza” quando pôs a venda e viu tudo “escuro”.

O prato de peixe foi servido, e aí as complicações surgiram, com alguns a não conseguirem dosear aquilo que punham no garfo.

“Nem sei se ficou algum bocado no prato, mas foi um bocadinho mais complicado que a sopa”, disse Cristina Sousa, que afirmava estar “a gostar” da experiência.

Surgiu o prato de carne, em que Alberto sentiu que “o nível de dificuldade foi aumentando”, apesar de se orgulhar de ainda não ter partido nada.

O último prato, de sobremesa, grande para a pequena porção, levou a que vários participantes andassem a tentar apanhar a sobremesa, dificuldade sentida por Bruno Costa, do grupo àCapella que atuou no final do espetáculo.

José Luís Marquês, coordenador técnico da Escola de Hotelaria de Coimbra, afirmou que a experiência levou a que os alunos pudessem receber formação de como atuar quando encontram um cliente com “um dos sentidos afetados”, tendo havido também um cuidado na preparação da ementa, com “o peixe sem espinhas e a carne sem ossos”, havendo um maior foco no “paladar, aromas e texturas” da comida apresentada.

José Mário Albino referiu que esta iniciativa quis “sensibilizar a comunidade”, através de “um ‘flash’ daquilo que é a rotina de uma pessoa cega”.

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