Um redemoinho de fogo, também conhecido como turbilhão de fogo, testemunhado durante o incêndio de Alvite, Moimenta da Beira, no distrito de Viseu, deveu-se às altas temperaturas e ventos à superfície e poderá ser um fenómeno com repetição.
“Não classificamos como tornado, a definição mais específica tem a ver com a estrutura da coluna do vórtice e a sua génese. Aquilo que visualizei foi um turbilhão de fogo, um redemoinho de fogo”, explicou à agência Lusa Paulo Narciso, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
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De acordo com o responsável da Divisão de Meteorologia de Radar, que estuda os pedidos de ocorrência de tornados, este tipo de fenómeno, com uma duração muito curta, cerca de 20 segundos, pode acontecer mais vezes do que o número de registos.
“Nos fogos florestais existem condições potenciadas pelo próprio incêndio para a ocorrência deste tipo de redemoinhos de fogo já que existe um sobreaquecimento”, disse Paulo Narciso, adiantando que poderá falar-se “na ordem dos mil graus” de temperatura.
O responsável reconhece que são criados então “aquecimentos diferenciados de temperatura que provocam correntes fortes ascendentes, onde acontece uma mudança brusca de vento”.
Ou seja, “vemos este tipo de fenómeno, porque vemos a matéria que é transportada, as chamas, as poeiras, os detritos”, disse Paulo Narciso, considerando que podem existir mais fenómenos do género, “mas podem ser difíceis de detetar porque já não está em chamas”.
“Este foi testemunhado, foi visível à noite pois o contraste é evidente, a corrente ascendente, com um vórtice de pequena dimensão”, uma coluna de ar semelhante a um tornado, mas que não o é, explicou.
Segundo o responsável, o facto de ter sido gravado dá conta da sua existência e a situação de risco para poder ser mais estudado obriga à proximidade do fogo, pelo que, reconhece, “a perigosidade é grande, além de que o tempo de vida do fenómeno é curta”.
Existem também vídeos nas redes sociais que dão conta de um fenómeno de um redemoinho de fogo também registado no incêndio que lavra desde a tarde de domingo em Sobral de São Miguel, no concelho da Covilhã.
Paulo Narciso deu ainda conta de que fenómenos deste género já tinham acontecido nos grandes incêndios de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, em 2017.
Segundo o ‘site’ da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o incêndio que começou na sexta-feira à tarde em Alvite, Moimenta da Beira, entrou em resolução na noite de domingo, encontrando-se ainda no local 172 operacionais e 52 meios.
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