O amanhecer é marcado pelo canto dos pássaros em todo o mundo, mas até agora os cientistas não compreendiam completamente porque estes vizinhos alados insistem em tanta algazarra matinal.
Um novo estudo, ainda não revisado por pares, investigou este comportamento em tentilhões-zebra (Taeniopygia guttata) em cativeiro e descobriu que a intensidade do canto pode ser influenciada pelas horas de expectativa em relação ao nascer do sol.
Num laboratório bem iluminado, os machos cantam espontaneamente centenas de canções, mas na escuridão total não emitem um único som. Os investigadores quiseram perceber como a interação entre noite e dia afeta este coro matinal. Quando o nascer do sol foi artificialmente atrasado em três horas, mantendo as luzes apagadas por mais tempo, os tentilhões começaram a cantar mais cedo e com maior intensidade do que nos nasceres do sol habituais, como se estivessem ansiosos pelo início do dia.
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O atraso do amanhecer não fez com que os pássaros dormissem mais: acordaram no horário habitual, movimentando-se activamente na escuridão, embora o canto permanecesse suprimido. A impaciência dos pássaros ficou ainda mais evidente quando lhes foi dado acesso a um interruptor que acionava 10 segundos de luz antecipada. Neste cenário, os pássaros no ambiente com amanhecer atrasado acionavam frequentemente a luz, algo que não acontecia quando o amanhecer chegava mais cedo.
“Os pássaros acordam no escuro muito antes do amanhecer, provavelmente através de mecanismos hormonais ligados à melatonina, e a sua motivação intrínseca para cantar aumenta enquanto o canto espontâneo é suprimido pela escuridão”, explica a equipa liderada pela bióloga Ednei Barros dos Santos, do Instituto Coreano de Investigação Cerebral.
Segundo os investigadores, este tipo de canto matinal intenso pode ajudar as aves a “aquecer” a voz após o período de descanso noturno, melhorando rapidamente o desempenho vocal e aumentando as hipóteses de sucesso reprodutivo durante o dia.
A equipa sugere ainda que estes mecanismos, observados em tentilhões em cativeiro, podem ser parcialmente aplicáveis ao coro da madrugada em aves selvagens. Este estudo encontra-se disponível comono bioRxiv.
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