Em Nova Iorque, Cassie Ann sorri ao ver-se ao espelho: os olhos azuis que sempre desejou já não dependem de lentes de contacto. A mudança foi conseguida através de uma técnica chamada ceratopigmentação, um procedimento que altera a cor visível dos olhos de forma definitiva — e que está a conquistar adeptos em todo o mundo.
A técnica, considerada por alguns como revolucionária e por outros como perigosa, consiste numa espécie de tatuagem na córnea. Utilizando lasers ou microagulhas, os médicos criam um canal circular na camada superficial do olho e injetam pigmentos que mascaram a cor natural da íris. Ao contrário dos antigos implantes de íris, que implicavam uma intervenção invasiva e riscos sérios como perda de visão, esta abordagem foca-se apenas na superfície ocular, pode ler-se na ZME Science.
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Inicialmente desenvolvida com fins terapêuticos , por exemplo, para reduzir o brilho ocular ou restaurar a aparência em casos de lesões , a técnica foi adaptada para fins puramente estéticos. Kevin Niksarli, cirurgião que realiza regularmente este tipo de procedimento, garante que os efeitos secundários como visão turva, fotossensibilidade ou irritação são temporários. “Nunca tivemos casos de complicações visuais duradouras”, assegura.
O modelo Jack Titus, natural da Tailândia, também optou pela intervenção. Procurava olhos azul-acinzentados para alinhar com a imagem que idealizou de si próprio. “Acordar e ver-me assim todos os dias é muito mais fácil”, afirma. Ainda assim, a sua família reagiu com apreensão: “Disseram-me que é um risco enorme. Afinal, só temos um par de olhos.”
Do outro lado da discussão, o oftalmologista Alexander Movshovich descreve o processo como “arte aplicada à medicina”. Com uma sensibilidade quase fotográfica, combina pigmentos à medida da visão que cada paciente tem de si. “Há pessoas que sentem que nasceram com a cor errada nos olhos. Outras acreditam que olhos claros trazem mais oportunidades.”
Embora a procura esteja a aumentar, especialmente entre modelos, influencers e figuras públicas, os especialistas alertam: os olhos não são apenas estética, são um órgão vital e delicado. A popularização desta técnica levanta preocupações éticas e médicas sobre os limites da modificação corporal, sobretudo quando o desejo de mudar ultrapassa o cuidado com a saúde visual.
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