Saúde

Já alguma vez sentiu que está a cair num penhasco enquanto dorme?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 4 horas atrás em 30-04-2025

Pesquisas recentes revelaram que cerca de 8 milhões de pessoas no Reino Unido, que tomam medicamentos antidepressivos, podem estar mais suscetíveis a uma perturbação do sono conhecida como espasmos hipnóticos — uma sensação de choque repentino que ocorre ao adormecer.

Este fenómeno, caracterizado por contrações musculares involuntárias, afeta muitos pacientes, especialmente aqueles que utilizam certos antidepressivos.

A descoberta vem de um estudo realizado por cientistas da Arábia Saudita, liderado pelo neurocientista professor Alghamdi, que investigou como os antidepressivos, em particular os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), podem alterar as substâncias químicas no cérebro, provocando esse distúrbio.

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Os espasmos hipnóticos acontecem durante a transição do estado de vigília para o sono e, embora sejam geralmente inofensivos, podem causar desconforto e levar a problemas como insônia e até mesmo agravar sintomas de depressão.

O professor Alghamdi conduziu uma experiência com um paciente que estava a tomar escitalopram. O paciente relatou uma sensação de queda repentina antes de dormir, acompanhada de palpitações cardíacas, tensão e um medo excessivo de não conseguir dormir novamente. Após parar o tratamento com aquele medicamento, os espasmos desapareceram e os sintomas depressivos, que estavam a ser tratados também aliviaram, pode ler-se no Daily Mail.

O estudo sugere que a interrupção do sono causada por espasmos hipnóticos pode agravar os sintomas depressivos, criando um ciclo vicioso. Segundo Alghamdi, “espasmos hipnóticos intensos podem causar privação crónica do sono, o que, por sua vez, pode levar à depressão devido a alterações neuroquímicas no cérebro”.

Outro estudo, publicado no Indian Journal of Psychiatry, corroborou as descobertas. Nele, uma mulher que começou a tomar escitalopram passou a sofrer de movimentos involuntários da cabeça durante o sono. Após mudar para outro, a fluoxetina, sentiu uma melhoria significativa, o que reforçou a ideia de que os ISRS podem estar diretamente ligados a estes distúrbios do sono.

Especialistas alertam que os espasmos hipnóticos, embora não sejam prejudiciais, podem ser perturbadores e, por isso, os médicos devem estar atentos a este efeito colateral, especialmente após ajustes de dosagem ou início do tratamento com ISRSs. Simran Sandhu, coautora do estudo, ressalta que esses movimentos involuntários podem afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Ainda que os espasmos hipnóticos sejam inofensivos na maioria das vezes, o aumento do uso de antidepressivos no Reino Unido — com cerca de uma em cada sete pessoas a tomar estes medicamentos — levanta preocupações sobre os impactos no sono e na saúde mental geral. Especialistas recomendam que os pacientes não interrompam o uso dos medicamentos sem consultar um médico e sugerem práticas de higiene do sono, como horários regulares e técnicas de relaxamento, para mitigar os efeitos adversos.

Em suma, embora o uso de antidepressivos seja fundamental para tratar a depressão, é essencial que os pacientes e profissionais de saúde estejam cientes dos potenciais efeitos no sono, com atenção especial aos ajustes de dosagem e ao monitoramento dos sintomas.

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