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Irão enfrenta pior seca em quase seis décadas e com barragens no limite

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 hora atrás em 03-11-2025

Imagem: depositphotos.com

O Irão enfrenta a pior seca em quase seis décadas, com precipitação 77% abaixo da média histórica, o que deixou as barragens a um terço da capacidade, alertaram hoje as autoridades de Teerão.

Trata-se do outono mais seco em 57 anos, com temperaturas acima do normal e precipitação mínima, disse o chefe do Centro Nacional de Clima e Gestão de Crises de Seca da Organização Meteorológica do Irão, Ahad Vazifeh.

A precipitação diminuiu 77% em todo o país e 19 províncias, incluindo a da capital, Teerão, ainda não registaram uma única gota de chuva nos primeiros 40 dias de outono, noticiou a agência espanhola EFE.

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Segundo a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Irão, a média de chuva em outubro foi de apenas um milímetro.

“Observações das barragens e rios mostram que o país enfrenta uma seca muito severa”, disse Vazifeh à agência de notícias iraniana Tasnim.

Dada a escassez de chuvas, as barragens estavam a 35% da capacidade, de acordo com os dados mais recentes divulgados pela Companhia de Recursos Hídricos do Irão.

Dezanove de um total de 200 barragens estavam à beira da seca, o que constitui um sinal de alarme grave para a gestão dos recursos hídricos do país.

O Ministério da Energia disse que 12 grandes barragens do país estavam abaixo dos 10% da capacidade e que cerca de 50 cidades enfrentavam uma grave escassez de água.

No caso de Teerão, a principal fonte de água potável da cidade corria o risco de secar em duas semanas, advertiu o diretor da companhia de água da capital iraniana, Behzad Parsa, citao pela agência de notícias oficial IRNA.

Trata-se da barragem de Amir Kabir, uma das cinco que abastecem Teerão, que contém apenas 14 milhões de metros cúbicos de água, o equivalente a 8% da capacidade.

O impacto da seca estende-se também às zonas húmidas, consideradas essenciais para a biodiversidade e a agricultura.

Mais de 60% das zonas húmidas do país estavam secas ou possuíam menos de metade da capacidade de água, de acordo com a Organização do Meio Ambiente.

A perda de recursos hídricos tem consequências diretas para a segurança alimentar, a agricultura, a pecuária e os ecossistemas locais.

O Irão também esgotou os recursos hídricos subterrâneos, sendo o terceiro país do mundo em perda destas águas, atrás da China e dos Estados Unidos.

O geofísico Ali Beitolahi disse à EFE que os aquíferos no Irão estão praticamente vazios devido à seca prolongada, às alterações climáticas e a uma expansão agrícola que consome entre 80% e 90% da água do país asiático.

“Se antes encontrávamos água a 20 ou 30 metros, agora temos de perfurar até 120 metros e já não resta nada”, disse Beitolahi, chefe do Departamento de Sismologia do Centro de Investigação do Ministério das Estradas e Desenvolvimento Urbano.

Perante este cenário, as autoridades apelaram aos mais de 91 milhões de habitantes do país para que poupem água até ao extremo e adotem medidas de resiliência face à escassez hídrica.

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