Autárquicas
Investigadores dizem que participação política aumenta quando situação socioeconómica é boa
O investigador da Universidade de Coimbra Fernando Ruivo disse à Lusa que por trás da pouca participação política em Portugal estão fatores históricos e que as pessoas são mais ativas quando a situação socioeconómica é mais favorável.
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Para este especialista em poder local, “a não participação ou a participação com pouco impacto é uma das tradições portuguesas” que se faz sentir com mais ou menos força em diferentes momentos da História, acreditando Fernando Ruivo que a “confusão” instalada com as múltiplas candidaturas independentes às próximas eleições autárquicas poderá gerar uma maior abstenção.
Já o professor da Universidade de Aveiro (UA) Carlos Jalali recordou uma fraca participação política para além das eleições, mas subscreveu que o fator histórico pesa de forma significativa na pouca participação política em órgãos mais próximos como as freguesias, ao qual acresce uma perceção da relação custo-benefício, ou seja, “o tempo que a pessoa tem que gastar e os benefícios individuais e coletivos que espera ganhar”.
“É óbvio que, se não há meios financeiros [nas freguesias], isso também vai reduzir a participação, o que encaixa num panorama mais geral”, afirmou à Lusa o também diretor da licenciatura em Administração Pública da UA, que realçou que Portugal é dos países mais centralizados da Europa.
“Essa dimensão da avaliação dos custos e benefícios é relevante num contexto que já de si não é muito favorável à participação”, referiu Carlos Jalali.
Fernando Ruivo destacou que, apesar de especialista no tema, nem no seu próprio concelho de origem conhece as propostas dos candidatos, de que forma as tencionam cumprir e “desde logo não há uma responsabilização como existe noutros sistemas eleitorais”.
“Eu estou convencido de que só há mais participação quando a situação socioeconómica é boa. Quando é periclitante ou grave como agora as pessoas metem-se na sua concha. É um contrassenso absoluto, mas é o que está a acontecer no nosso país”, lamentou o membro fundador do Centro de Estudos Sociais de Coimbra.
Porém, Carlos Jalali encontra motivos para otimismo num estudo realizado em Aveiro que comparou duas turmas de alunos do ensino secundário, uma com a disciplina de Ciência Política e outra sem, tendo concluído que os “jovens que tinham essas aulas tinham mais interesse sobre política, sentiam que a sua voz tem mais consequência”, o que terminava numa maior participação eleitoral.
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