Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um protótipo que deteta cianobactérias e bactérias patogénicas na água.
A nova ferramenta será testada no âmbito do projeto Porous sensors for real-time monitoring of water quality risks (PROTEGE), financiado pelo European Research Council (ERC), através de uma bolsa ERC Proof of Concept Grant.
O financiamento, no valor de 150 mil euros, pretende valorizar e transferir para o mercado os resultados de investigação de excelência, previamente alcançados no âmbito do projeto Generating Energy from Electroactive Algae (GREEN).
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De acordo com Paulo Rocha, professor da Departamento de Ciências da Vida (DCV) e coordenador dos projetos, a contaminação imprevisível de comunidades microbianas em ambientes aquáticos é uma preocupação global para os fornecedores de água potável e produtores aquícolas.
“Os custos associados ao tratamento de água potável, principalmente, causados pela proliferação excessiva de cianobactérias nocivas, podem ultrapassar os 150 milhões de euros, por ano, nos países europeus. O cenário agrava-se quando se consideram os ataques debilitantes de bactérias patogénicas em tanques de aquacultura, que geram perdas económicas globais superiores a 25 mil milhões de dólares. Em ambos os setores industriais, os custos de mitigação aumentam com o atraso na deteção microbiana”, declara o também investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da FCTUC.
As soluções de monitorização da qualidade da água atualmente disponíveis baseiam-se, na sua maioria, em medições demoradas de frações de azoto e fósforo, temperatura e oxigénio dissolvido, ou na utilização da clorofila como indicador indireto. No entanto, estas abordagens ainda não permitem uma deteção eficaz e em tempo real da contaminação microbiana.
“No âmbito do projeto anterior, o GREEN, identificámos uma aplicação comercial promissora que, através de eletrofisiologia ultrassensível, permite uma deteção sem precedentes e em tempo real de microrganismos nocivos em ambientes aquáticos. Este avanço foi possível graças ao desenvolvimento de espumas de poliuretano condutoras porosas ultrassensíveis, que exploram uma área de elétrodo alargada, maximizando a sensibilidade à deteção microbiana”, revela o especialista.
Agora,”o principal objetivo do PROTEGE é demonstrar um protótipo funcional nas instalações dos parceiros industriais, capaz de detetar em tempo real cianobactérias em reservatórios de abastecimento de água e bactérias patogénicas em tanques de aquacultura, bem como desenvolver um plano de negócio e a exploração para a comercialização da tecnologia, com um protótipo orientado para o mercado e equipado com telemetria em tempo real”, conclui.
Coordenado pela FCTUC e com a colaboração da UC Business da Universidade de Coimbra, a empresa Seaculture do Grupo Jerónimo Martins, as Águas de Coimbra, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, IP (INIAV) e o Instituto Pedro Nunes (IPN), este é um projeto multidisciplinar que destaca o bioempreendedorismo, uma disciplina lecionada pelo professor Paulo Rocha.
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