Saúde

Inteligência artificial pode tornar os profissionais de saúde mais humanos

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 dia atrás em 04-06-2025

O professor de bioética Rui Nunes, da Universidade do Porto, disse hoje que as novas tecnologias de Inteligência Artificial (IA) vão impactar profundamente a medicina e podem tornar os profissionais de saúde mais humanos e mais bem preparados.

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“Na saúde, a inteligência artificial deve transformar-nos em melhores profissionais, mas também tem o potencial oposto, tudo depende de nós”, advertiu o especialista, numa conferência sobre “A Inteligência Artificial na Saúde e na Investigação”, no Annual Meeting 2025 da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra.

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O coordenador do Livro Branco sobre Inteligência Artificial, que é “um otimista” sobre as vantagens das nossas tecnologias, disse, na sua intervenção de meia hora, que se vai assistir a uma “mudança radical de paradigma no modo como as sociedades se têm desenvolvido”.

Segundo Rui Nunes, a muito curto prazo prevê-se que a inteligência artificial venha a ser mais “superinteligente, ultrapassando a mente mais brilhante”, o que levanta dúvidas se algum humano vai saber como funcionam os complexos sistemas.

“Esta perspetiva de uma superinteligência artificial já denota características muito sobreponíveis àquelas que identificamos na pessoa humana, intencionalidade – a pessoalidade e intencionalidade, que é especificamente humana”, sublinhou.

O especialista advertiu para a possibilidade de a inteligência artificial desenvolver consciência, que é também uma característica do ser humano, “que faz pensar que não se trata apenas de uma mera ferramenta, que deve ser muito bem utilizada”.

Defendendo regras para a sua utilização, Rui Nunes frisou que, na investigação, será uma “revolução total” que pode limitar a criatividade humana, que em vez de ficar mais inteligente pode ficar menos inteligente.

“Na investigação vai haver uma mudança radical e há problemas complexos nesta matéria”, referiu o catedrático, fazendo votos que a espécie humana continue a desenvolver-se por si e “não nesta fórmula híbrida de transumanismo”.

Ao nível da assistência na saúde, o especialista considerou que a mudança vai ser “absoluta”, nomeadamente com a transcrição das consultas no Serviço Nacional de Saúde, que vai trazer “muitas vantagens”.

“Os médicos não têm tempo para ver os doentes e o pouco que têm é para tarefas administrativas, sempre agarrados ao computador, pelo que não têm sequer tempo para olhar nos olhos do paciente”.

De acordo com Rui Nunes, os sistemas de transcrição vêm revolucionar esta situação, pelo que, “finalmente, ao fim de décadas, os médicos podem voltar a olhar para os doentes, que é a questão central na relação médico doente”.

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