Os meios do INEM são acionados, em média, 477 vezes por dia para situações em que o socorro não era necessário, segundo dados do relatório de auditoria da Inspeção-Geral das Finanças (IGF) ao funcionamento do instituto, a que o Correio da Manhã teve acesso.
Em 2024, das 174 367 ocorrências, apenas 148 251 (10%) foram consideradas de emergência, exigindo suporte avançado ou imediato de vida. A maioria das chamadas correspondia a situações menos graves (111 021), e outras tantas nem justificavam o envio de meios.
O relatório, que analisou o quadriénio 2021-2024, aponta constrangimentos operacionais relevantes, incluindo o encerramento de urgências em hospitais de referência e a elevada inoperacionalidade das Ambulâncias de Emergência Médica, que totalizou 4906 dias, três quartos dos quais por falta de técnicos de emergência pré-hospitalar. O aumento das transferências inter-hospitalares também gerou custos adicionais.
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A auditoria alerta ainda para a falta de recursos humanos, que afetou a capacidade de resposta: o número de chamadas perdidas disparou 738% (de 15 971 em 2021 para 133 832 em 2024), enquanto o número de operadores no atendimento caiu 17% (de 37 942 para 31 373). Além disso, o total de chamadas recebidas aumentou 236 465 em relação a 2021.
Outro ponto crítico identificado pela IGF é a insuficiente avaliação da atividade operacional do INEM. Não existem indicadores claros que permitam medir resultados, qualidade clínica, segurança ou impacto do sistema de socorro pré-hospitalar na saúde pública.
O relatório indica ainda que o tempo médio desde o atendimento pelo CODU até a chegada do doente ao hospital foi de 54 minutos e 18 segundos em 2024, incluindo triagem, deslocamento e chegada à unidade hospitalar.
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