O secretário de Estado da Proteção Civil apelou aos autarcas para investirem mais na prevenção e combate aos incêndios florestais, considerando que a área da proteção civil “muitas vezes não é tão valorizada como deve ser”.
“Enquanto membro do Governo, vou ser muito incentivador para que as autarquias, freguesias e municípios, e agora aproveitando que com este processo eleitoral autárquico há muitas situações em que, por força da limitação dos mandatos, vamos ter novos autarcas, sobretudo para sensibilizar que as autarquias têm que também percecionar que a proteção civil é uma área muito importante no seu raio de ação”, disse Rui Rocha, em entrevista à agência Lusa.
Recordando que o presidente de Câmara é o responsável máximo da proteção civil no concelho, lamentou que esta área “muitas vezes não é tão valorizada como deve ser”.
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Rui Rocha considerou que quanto melhores condições tiver um concelho para fazer face a qualquer ocorrência do ponto de vista da proteção civil, “mais tranquilo estará naquilo que é a gestão municipal do qual é responsável”.
“Sei que os recursos são escassos em todo o lado, no Governo e nas autarquias, mas cabe ter a capacidade de fazer opções. Muitas vezes também vimos, claro que este ano foi um ano atípico, que as autarquias despenderam cerca de mais de 32% em artistas”, frisou.
Neste caso, o secretário de Estado, que também já foi presidente da Câmara Municipal de Ansião (Leiria), considerou que as autarquias “podem despender um bocadinho menos e investir um bocadinho mais na proteção civil”.
Segundo o governante, o envolvimento das autarquias é fundamental no programa ‘Aldeia Segura Pessoas Seguras’, criado em 2018 com o objetivo de proteger os aglomerados populacionais em zonas de risco de incêndio florestal, mas que ainda não chegou a todas as aldeias.
Rui Rocha lamentou o entusiasmo na criação deste programa em 2018 e 2019, que depois deixou de existir.
“Neste momento temos 2.384 aglomerados que têm o projeto de aldeia segura. Nos primeiros anos houve maior incremento e é mais um dos pontos que quando estiver com a Associação Nacional de Municípios Portugueses vou sinalizar”, disse, sublinhando que algumas questões positivas verificadas nos incêndios deste ano “derivaram do facto de algumas aldeias terem implementado o projeto de aldeias seguras”.
No entanto, considerou que a criação deste programa deve ser da iniciativa das autarquias, apesar de ser um projeto da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção civil (ANEPC).
“Mas isso é da iniciativa das autarquias locais, sejam freguesias ou municípios. Todo o apoio [da ANPEC] é do ponto de vista da sinalética e de formação e mais alguns meios que sejam disponíveis, mas tem que partir da base local, ou seja, não é a autoridade que agora vai impor ou determinar que em determinada aldeia vai haver o projeto de aldeia segura”, afirmou.
Falando sobre a importância deste programa, referiu que as pessoas dessas aldeias ficam capacitadas e com a informação sobre o procedimento que devem fazer em caso de fogo.
“Se nós tivermos a certeza de que há um programa que, do ponto de vista da formação, dá ferramentas para que a pessoa saiba: vou fechar a minha casa, vou sair e vou encontrar-me ali no átrio da capela ou da igreja onde vão estar todas as pessoas da minha aldeia. Isso já é uma grande ajuda para quem depois tem que estar no teatro das operações e estar preocupado onde estão as pessoas”, disse.
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