Coimbra
Impossibilitada de sair de casa, família enfrenta incêndio com baldes de água

Imagem: Fernando Andrade
Três pessoas de uma aldeia do concelho de Arganil enfrentaram hoje as chamas na Serra do Açor apenas com recurso a bidons de água depois de se verem impossibilitadas de sair de casa para um local seguro.
O fogo que eclodiu na madrugada de hoje na freguesia de Piódão, na Serra do Açor, chegou com rapidez e intensidade à povoação de Feijoeira e quando a família de Rita Lopes foi avisada para abandonar a habitação já era tarde.
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“Não tivemos outro remédio se não ficar e defender a casa e os animais”, disse à agência Lusa Rita Lopes, de 20 anos, que juntamente com a mãe e um tio enfrentaram as chamas com valentia.
O pai, distribuidor de pão, já tinha saído de casa e não conseguiu regressar por ter ficado retido no fogo.
Uma mangueira e baldes de água retirados de vários bidons que a família já tem cheios para este tipo de situações ajudaram estas três pessoas a evitar que a habitação fosse consumida pelo fogo.
“Se tivéssemos saído, tinha ardido tudo e assim conseguimos salvar a casa e os animais – 15 cabras, 10 coelhos, quatro cães da Serra da Estrela, duas viaturas e uma moto-quatro”, enfatizou Rita Lopes.
Durante cerca de horas, as chamas não deram descanso e, apesar da coragem desta família, verificou-se a destruição de uns palheiros, um automóvel e uma motorizada, relatou.
Entretanto para acolher as pessoas que foram retiradas de casa, o município de Arganil (distrito de Coimbra) instalou dois centros de acolhimento, um em Coja e outro na Cerdeira.
“Instalámos nas casas do povo de Coja e de Cerdeira e Moura da Serra dois centros de acolhimento com capacidade para uma centena de pessoas, que pode ser aumentado em caso de necessidade”, disse à agência Lusa a vereadora Elisabete Oliveira.
Ao início da noite, o pavilhão polivalente da Casa do Povo de Coja já acolhia 55 pessoas das localidades de Porto Silvado e Sobral Gordo, da freguesia de Pomares, na esmagadora maioria idosos e crianças.
Segundo Elisabete Oliveira, este centro de acolhimento, gerido em articulação com a Cruz Vermelha, tem capacidade para 80 pessoas.
“A Proteção Civil ainda não sabe como vai evoluir o incêndio, pelo que estas pessoas vão pernoitar em Coja e na quinta-feira será feita nova avaliação”, disse a autarca, salientando que as aldeias serranas têm mais pessoas nesta altura do ano por causa das festas populares.
O fornecimento de refeições e de água é assegurado pelo Centro Social e Paroquial de Coja.
“Vim para aqui porque tenho problemas de mobilidade. A filha e dois netos ficaram na aldeia de Sobral Gordo e assim ficaram lá mais descansados”, salientou à agência Lusa Manuel Lopes, de 75 anos, residente em Almada, mas que estava de férias naquela aldeia da Serra do Açor.
A Casa do Povo da Cerdeira e Moura da Serra também está preparada para acolher 25 pessoas que sejam retiradas das suas aldeias, embora cerca das 20:00 ainda não tivesse recebido ninguém.
Nesta operação, o município envolveu seis técnicos e conta com a colaboração da Cruz Vermelha e das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) locais.
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