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Imagem da China piorou nos países desenvolvidos desde que Xi Jinping assumiu o poder

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 29-09-2022

A imagem da China nos países desenvolvidos “piorou” desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, assumiu o cargo, em 2013, algo que se agravou com a pandemia da doença covid-19, indicou hoje um estudo do instituto Pew Research Centre.

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O estudo, que é publicado a poucas semanas do arranque do 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que deve atribuir a Xi Jinping um terceiro mandato como secretário-geral, tem como base 20 anos de pesquisa em mais de 60 países.

A pandemia da doença covid-19, cujos primeiros casos foram diagnosticados na cidade chinesa de Wuhan no final de 2019, afetou a imagem do país, mas o sentimento negativo em relação à China já estava a aumentar antes de 2020, de acordo com a Pew Research Centre, instituto com sede em Washington.

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Embora haja ligeiras variações, a maioria dos países seguiu a mesma tendência dos Estados Unidos da América (EUA), onde os sentimentos em relação à China começaram a mudar após o início do mandato de Xi Jinping e pioraram acentuadamente após o início da pandemia.

Quando Xi assumiu o cargo durante o segundo mandato do ex-Presidente dos EUA Barack Obama, cerca de quatro em cada 10 pessoas nos EUA tinham uma visão “favorável” em relação à China, enquanto entre 30% e 40% dos entrevistados tinham uma visão “desfavorável” do país.

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Mas, à medida que o atrito no relacionamento bilateral cresceu, devido às reivindicações territoriais de Pequim no Mar do Sul da China e questões comerciais, a percentagem de norte-americanos com uma opinião desfavorável sobre a China aumentou para mais de metade.

A opinião sobre a China mostrou uma ligeira melhoria durante a primeira metade da Presidência de Donald Trump, mas rapidamente azedou com a guerra comercial, lançada por Washington, em 2018.

Em março de 2020, quando surtos de covid-19 começaram a ser detetados em vários países, mais de três quartos da população dos EUA via a China desfavoravelmente.

A reputação da China continuou em declínio e, hoje, cerca de 82% da população norte-americana tem uma opinião negativa sobre o país asiático, à medida que crescem as preocupações com abusos de direitos humanos ou o alinhamento entre Pequim e Moscovo.

Em outros países, embora os indicadores apresentem tendências semelhantes, a opinião sobre a China variou de acordo com a relação bilateral.

Na Coreia do Sul, os sentimentos negativos aumentaram muito após o boicote económico lançado pela China, em 2017, como retaliação pela decisão de Seul de permitir a instalação no seu território de tecnologia de intercetação de mísseis, conhecida como THAAD.

A opinião piorou durante a pandemia, com cerca de 80% da população sul-coreana a ter atualmente uma visão desfavorável sobre o país vizinho.

No Japão, esse número sobe para 87%, de acordo com a pesquisa do instituto norte-americano.

Na Austrália, 86% dos australianos veem, atualmente, a China de forma desfavorável, um aumento de 24% desde 2019.

Embora ressalve que a maioria dos sentimentos negativos é direcionada ao Governo chinês ou a Xi Jinping, o estudo aponta uma crescente discriminação e assédio a pessoas de ascendência chinesa nos EUA e em outros países, desde o início da pandemia.

Em 2022, 67% dos entrevistados dos EUA consideraram a China uma grande ameaça, um aumento de 19%, em relação ao ano anterior.

Quase metade dos entrevistados afirmaram que limitar o poder e a influência da China deve ser uma das principais metas da política externa norte-americana – um aumento de 16%, em relação a 2021.

As preocupações com a modernização das Forças Armadas chinesas também foram generalizadas, com 72% dos entrevistados em 19 países a responder que o poder militar de Pequim é um “problema sério”. Japão e Austrália são os dois países onde a percentagem é mais alta.

A questão dos direitos humanos é também crucial para a deterioração da imagem da China.

“Embora fosse já alta na maioria das economias avançadas, a sensação de que a China não respeita as liberdades individuais aumentou significativamente em 2021, após revelações sobre campos de detenção para [membros da minoria étnica de origem muçulmana] uigur, e após os EUA designarem a situação em Xinjiang como genocídio”, referiu o relatório da Pew Research Centre.

As opiniões sobre Xi Jinping seguiram a mesma tendência.

“As opiniões sobre o Presidente chinês ficaram ainda mais negativas entre 2019 e 2020. Em 2022, a maioria dos países desenvolvidos, com exceção de dois, tinha pouca ou nenhuma confiança na sua abordagem nas questões internacionais”, apontou ainda o estudo do instituto norte-americano.

Desde que ascendeu ao poder, Xi Jinping reverteu várias reformas políticas e é hoje o núcleo da política chinesa. Sob a sua liderança, o PCC voltou a assumir o controlo absoluto sobre a sociedade, ensino ou economia.

Em outubro, deverá voltar a quebrar com a tradição política das últimas décadas, ao obter um terceiro mandato como secretário-geral do PCC, no 20.º Congresso do partido (com início previsto para 16 de outubro).

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