Crimes

Homicídio em Lamas: Morte encomendada ficou longe de ser crime perfeito

Rui Avelar | 3 meses atrás em 31-01-2024

Imagem: Joana Baptista

O Ministério Público acaba de concluir que o esfaqueamento de um homem até à morte, ocorrido em Lamas (Miranda do Corvo), há meio ano, consistiu em crime encomendado e que nem por isso se tratou de crime perfeito.

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João Carlos Ramos, 58 anos de idade, foi morto com 15 golpes, sendo que o presumível autor material do homicídio, um indivíduo africano, que se pôs em fuga, deixou no local do crime o cabo da faca. Outro co-arguido deixou um boné no carro da arguida Joana A.

A lâmina do utensílio de cozinha terá ficado na viatura em que Joana A., 30 anos de idade, conduziu a vítima para o local do assassinato e, como se não bastasse tamanho amadorismo, também lá foi encontrado um cigarro por consumir.

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Segundo a acusação deduzida pelo MP através do DIAP de Coimbra, acresce que a arguida terá usado o respectivo telefone para dar notícia do crime a uma irmã, a par de lhe ter entregado um tapete e a capa do banco do carro onde João Carlos viajou de Penela para Lamas com Joana.

Neste contexto, Joana A., o brasileiro Edinei C. e Momodou K. incorrem em pena de cadeia até 25 anos, encontrando-se os dois primeiros arguidos preventivamente presos.

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De acordo com os autos do inquérito, a que Notícias de Coimbra teve acesso, a arguida, invocando arrependimento, reconheceu perante inspectores da PJ o seu envolvimento no assassinato, a título de mandante, e confessou haver ouvido da boca da vítima um grito lancinante.

Mãe de dois filhos menores e a viver em união de facto com outro homem, Joana A. terá tido com João Carlos, solteiro, uma relação extraconjugal.

Acontece que tal relação foi esmorecendo, a ponto de a funcionária de uma pastelaria de Penela haver denotado desinteresse em que ela prosseguisse. Ora, desencantado, João Carlos terá ameaçado Joana de contar ao companheiro dela e de molestar os filhos.

O MP, coadjuvado pela Polícia Judiciária, crê que foi traçado um plano para em Julho de 2023 eliminar João Carlos Ramos, a viver sozinho desde o falecimento da mãe.

João Ramos

Para consumação desse plano, a arguida terá mobilizado um cidadão brasileiro e outro africano, presumindo-se que seja este o alegado autor do esfaqueamento.

A avaliar pelos autos, independentemente de ter aliciado a vítima para o local do homicídio, pela calada da noite, Joana A. ficou sofreu um abalo emocional com o assassinato, abalo esse parcialmente causado pela incapacidade de reacção de João Carlos.

Neste contexto, Joana A. permaneceu algum tempo no local do crime, antes de regressar a Penela, e pediu ao seu patrão para se deslocar a Lamas, onde o empresário foi posto a par da ocorrência.

Incrédulo, o agente da indústria hoteleira terá reagido com perplexidade, alertando a empregada para a gravidade do que acontecera.

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