Saúde

Hobbie “das avós” melhora memória e reduz o stress

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 27-08-2025

Atividades como tricotar, bordar ou trabalhar madeira estão a ganhar nova popularidade, especialmente entre os mais jovens, e a ciência revela que esses hobbies lentos e constantes podem trazer benefícios notáveis para o cérebro, incluindo redução do stress, melhoria da memória e manutenção da plasticidade neuronal.

Segundo dados da Eventbrite, a geração Z tem demonstrado crescente interesse por encontros “grannycore”, como grupos de tricot e workshops de crochet, procurando um alívio do esgotamento digital. Mas os benefícios vão muito além da nostalgia.

O tricotar combina coordenação motora fina, planeamento criativo e movimentos bilaterais rítmicos, estimulando diferentes sistemas cerebrais simultaneamente. Emily Sharp, terapeuta da NY Art Therapy, afirma que esta atividade é semelhante à terapia EMDR, podendo reduzir os níveis de cortisol e aumentar serotonina e dopamina, promovendo regulação emocional.

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De acordo com Alvaro Pascual-Leone, professor de neurologia em Harvard, o tricot e outros hobbies manuais podem melhorar a concentração, atrasar o declínio cognitivo relacionado com a idade e reforçar a função executiva do cérebro. Um estudo de 2024 publicado na Frontiers in Behavioral Neuroscience confirma que tarefas criativas ativam a rede de dopamina ligada ao prazer e motivação, oferecendo uma recompensa mais lenta e constante do que o consumo excessivo de redes sociais ou açúcar.

Além disso, o processo de aprender algo novo é crucial: mesmo que já saiba tricotar, os maiores benefícios cognitivos surgem ao enfrentar desafios inéditos para o cérebro, criando novas vias neuronais e mantendo a flexibilidade cerebral ao longo do tempo.

Hobbies criativos podem funcionar como treino cognitivo de baixo risco, fortalecendo ligações neuronais e promovendo saúde cerebral a longo prazo. Atividades manuais repetitivas também ajudam a reduzir o stress, aumentam a satisfação pessoal e fomentam a interação social, diminuindo a solidão, especialmente em fases de transição como a reforma.

Estudos mostram ainda que estas práticas podem beneficiar indivíduos com doenças neurodegenerativas, como Parkinson, melhorando memória, destreza e resiliência emocional.

Seja tricotar, bordar, talhar ou fazer cerâmica, o segredo está em ativar o cérebro com desafios novos e repetitivos, promovendo bem-estar emocional, social e cognitivo. Como lembra a gerontologista Lakelyn Eichenberger: “Focamo-nos demasiado no aspecto médico do envelhecimento, mas devemos ter em conta a nossa saúde física, mental e emocional – e estas atividades de lazer fazem parte disso”.

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