Saúde

Há uma nova esperança para doentes com Alzheimer. Medicamento reduz 27% do declínio cognitivo

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 30-11-2022

Um ensaio clínico confirmou a eficácia de um medicamento que reduz em 27% o declínio cognitivo em pessoas com Alzheimer, mas também apontou efeitos adversos e a necessidade de estudos mais prolongados, noticiaram hoje as agências internacionais.

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“Este é o primeiro medicamento a proporcionar uma verdadeira opção de tratamento para pessoas com Alzheimer”, disse Bart De Strooper, diretor do Instituto de Investigação da Demência do Reino Unido, citado pela agência France-Presse.

O estudo conclui, contudo, que o medicamento está “associado a efeitos adversos” e sublinha a necessidade de “ensaios mais prolongados para determinar a eficácia e segurança do lecanemab em Alzheimer precoce”.

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Os resultados completos do ensaio clínico (terceira fase), publicado no The New England Journal of Medicine, realizado durante 18 meses em cerca de 1.800 pessoas com idades entre 50 e 90 anos nas fases iniciais da doença, confirmaram uma redução de 27% no declínio cognitivo dos pacientes tratados com lecanemab, um medicamento desenvolvido pelo grupo farmacêutico japonês Eisai e pelo norte-americano Biogen, em comparação com os pacientes que receberam placebo.

Os resultados completos, que confirmam os resultados preliminares anunciados em finais de setembro, mostram que o anticorpo monoclonal “reduz os marcadores amiloides no início da doença de Alzheimer, e resulta num declínio moderadamente menor das medidas cognitivas e funcionais em comparação com o placebo”.

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O estudo também distingue as taxas de incidência de efeitos colaterais do lecanemab, que às vezes são graves e mais frequentes do que no grupo de pacientes que receberam placebo.

Dos doentes tratados com lecanemab, 17,3% sofreram hemorragias cerebrais, em comparação com 9% no grupo placebo, e 12,6% das pessoas que receberam este medicamento experimental sofreram de edema cerebral, em comparação com apenas 1,7% no grupo placebo.

No entanto, a taxa de mortalidade geral é praticamente a mesma nos dois grupos, 0,7% nas pessoas tratadas com lecanemab e 0,8% nas tratadas com placebo.

As empresas japonesa e norte-americana planeiam iniciar, em janeiro, o processo para solicitar a autorização do uso do fármaco nos EUA e, num futuro próximo, no Japão e na Europa.

Os pacientes com Alzheimer têm placas de proteínas, chamadas amiloides, que se formam ao redor dos seus neurónios e, eventualmente, os destroem, causando perda de memória e uma crescente incapacidade de realizar tarefas quotidianas.

Mas o papel preciso dessas placas na doença, se são a causa ou a consequência de outros fenómenos, é cada vez mais objeto de debate na comunidade científica.

Outro tratamento do laboratório norte-americano Biogen, chamado Aduhelm e também direcionado às placas amiloides, gerou muitas esperanças em 2021, por ser o primeiro medicamento aprovado nos Estados Unidos contra a doença desde 2003.

Mas também causou polémica, pois a agência norte-americana de medicamentos (FDA) foi contra a opinião de um comité de especialistas, que julgou que o tratamento não tinha demonstrado suficientemente a sua eficácia durante os ensaios clínicos.

Mais tarde, a FDA restringiu o seu uso apenas a pessoas com casos leves da doença.

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, com 60 a 70% dos 55 milhões de casos no mundo, número que se teme que aumente para 78 milhões até 2030.

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