Portugal

Há uma mina às portas de Leiria que é “mundialmente famosa” por ser janela para o período Jurássico Superior

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 meses atrás em 24-11-2023

 A Mina da Guimarota, às portas da cidade de Leiria, é “mundialmente famosa enquanto janela para os ecossistemas do Jurássico”, considerou a Câmara, realçando que os fósseis identificados permitem “conhecer a biodiversidade deste território há 152 milhões de anos”.

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“Permite-nos conhecer como eram e viviam os mamíferos primitivos, plantas, peixes, aves, batráquios, dinossauros, crocodilos e tartarugas, alguns deles sendo espécies únicas”, disse à agência Lusa a vereadora Anabela Graça, a propósito da conferência “Um olhar sobre a Mina da Guimarota: as suas gentes, o seu interesse patrimonial e novos dados sobre a investigação paleontológica”, que se realiza no sábado.

Segundo a autarca, “o registo fóssil desta mina é de extrema importância para a compreensão dos ecossistemas do Jurássico Superior a nível mundial”.

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Nesta mina, “foi explorado carvão, que alimentava uma fábrica de cal na proximidade até 1961”, e, “no final dos anos 50 do século passado”, foi “visitada pelo professor W. G. Kühne (1911-1991), da Universidade Livre de Berlim”.

“Este especialista em mamíferos primitivos procurava mamíferos do Mesozóico na Península Ibérica. Após as primeiras observações do carvão encontrou fragmentos de carapaças de tartaruga, osteodermos de crocodilos, escamas de peixes e, em 05 de outubro de 1959, surgiram do carvão restos de um esqueleto de um mamífero primitivo”, adiantou a vereadora com o pelouro da Cultua.

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Da primeira campanha de investigação e exploração paleontológica na mina resultaram “dezenas de mandíbulas com dentição, fragmentos e crânios quase completos de mamíferos; mais de um milhar de dentes de mamíferos, isolados; e numerosos restos de peixes, anfíbios e répteis”, adiantou, numa resposta escrita à agência Lusa.

“À época, esta mina tornou-se conhecida como o local mais rico do mundo em mamíferos primitivos”, declarou, referindo que, “com o fim da exploração do carvão, a mina fechou”, mas, “nos anos 70 do século XX, outros paleontólogos alemães, Bernard Krebs (1934-2001) e Siegfried Henkel (1932-1984)” investigaram novamente a mina.

Então, foi iniciada “uma nova campanha de exploração e investigação só para fins paleontológicos”, que decorreu “ao longo de cerca de 10 anos”, explicou.

Com a participação de colaboradores locais, foram recolhidos “dezenas de milhares de crânios, mandíbulas, ossos e dentes de vertebrados terrestres e aquáticos, e um número incontável de invertebrados e de restos de plantas”, precisou Anabela Graça, destacando que “o registo fóssil encontrado permitiu caracterizar o ambiente e os ecossistemas que existiam neste local há cerca de 152 milhões de anos, quem o habitava e como foi a sua evolução”.

Ainda de acordo com a autarca, o acervo, “variado e em bom estado de conservação, e os estudos realizados revelaram um local de excelência, a nível mundial, para o conhecimento da vida no Jurássico Superior”, assinalou.

A zona, no passado um pântano, onde o mar ocasionalmente chegava, ganhou fama e reconhecimento internacional com os fósseis de mamíferos primitivos.

“A primeira descoberta de um esqueleto articulado, quase completo, de um mamífero primitivo do Jurássico Superior, designado por ‘Henkelotherium guimarotae’, foi realizada na Mina da Guimarota”, destacou, sustentando que “o seu achado constitui a mais notável e extraordinária descoberta realizada” na Mina de carvão da Guimarota”.

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