“Há muro de silêncio e passividade perante os maus tratos à pessoa idosa”

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 20-05-2017

O Serviço SOS Pessoa Idosa da Fundação Bissaya Barreto (FBB) faz 3 anos no dia 21 de maio.

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idoso

Na hora de fazer o balanço, a FBB afirma que  “o  número de apelos tem registado um aumento significativo, de ano para ano, havendo ainda muito a fazer para quebrar o muro de silêncio e passividade perante os maus tratos à pessoa idosa. O balanço do projeto é, no entanto, positivo, porque consegue fazer a diferença na vida das pessoas que procuram este serviço”.

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Em três anos de atividade, o serviço SOS Pessoa Idosa da Fundação Bissaya Barreto “recebeu 416 apelos, através da linha telefónica 800 990 100 e via email. Um número que tem vindo a aumentar significativamente, sendo que só nos primeiros 5 meses do ano já se registaram 97 apelos, mais do dobro do que em igual período do ano passado”, adianta a FBB.

A maioria das vítimas é constituída por mulheres, viúvas, com uma média de idade de 79 anos. Mais de um terço delas vivem sozinhas, cabendo uma percentagem menor às que residem na companhia do cônjuge ou dos filhos.

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Os maus tratos são perpetrados, maioritariamente no contexto das relações familiares, seguido da comunidade próxima. Nas situações que chegaram ao Serviço SOS Pessoa Idosa, metade dos agressores são filhos das vítimas.

O Serviço SOS Pessoa Idosa recebe estes apelos, sinaliza os casos de violência junto das entidades competentes, da região do país de onde provém o apelo, e faz um acompanhamento ativo do desenrolar do processo, até à resolução do caso, numa ação de coordenação e de articulação entre todos os serviços e organismos locais.

Para Fátima Mota, responsável pelo serviço e assessora da Área Social da Fundação Bissaya Barreto, o balanço destes três anos é “muito positivo no contributo que demos às pessoas que nos procuram, porque os testemunhos que recebemos, não só dão conta da influência positiva na resolução das situações, como nos transmitem agrado pela forma como validamos e respeitamos os apelos que nos chegam”.

A responsável aponta a questão da “legitimação” da vítima e do problema, como fundamental: “Muitas destas pessoas têm a noção de que não são levadas a sério quando procuram apoio”.

Segundo Fátima Mota, “o aumento de denúncias registado deve-se, por um lado, ao esforço de divulgação a nível nacional feito pela Fundação, mas também à atenção dada pela Comunicação Social às ações que têm vindo a ser desenvolvidas (como é exemplo o Congresso sobre o Envelhecimento, em outubro passado). Ao lerem notícias sobre o problema da violência contra idosos, as pessoas, em geral, ficam com uma maior consciência de que ele existe, é comum a muitas pessoas e que se trata de um crime”.

O trabalho do Serviço está, no entanto, ainda no início, reconhece a responsável, que aponta duas grandes dificuldades: por um lado, os estereótipos sobre o idoso (incompetente, decrépito, cinzento, pouco produtivo, lento, dependente, de quem até temos pena), o paternalismo e a infantilização do idoso a quem se retira a palavra e a possibilidade de se autodeterminar. Por outro, a falta de proteção legal das vítimas, e uma lei desajustada que não protege o idoso e, muitas vezes, não respeita a sua vontade.

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