Economia

“Há muito trabalho a fazer” no combate à desinformação 

Notícias de Coimbra com Lusa | 35 minutos atrás em 25-05-2025

A representante da Comissão Europeia em Portugal afirma, em entrevista à Lusa, que “há muito trabalho a fazer” no combate à desinformação e que todos têm uma responsabilidade individual” na forma como assimilam e digerem a informação.

Questionada se as medidas que estão em prática para combater a desinformação são suficientes, Sofia Moreira de Sousa salienta que nunca são e que “há muito trabalho a fazer”.

Até porque a informação e a desinformação viajam “à velocidade de um clique” e “por muitas medidas que façamos, nada pode chegar ao nível necessário que é que cada um desenvolva o seu pensamento crítico”, refere.

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Portanto, “há uma responsabilidade individual na absorção e na digestão de informação, mas há também uma responsabilidade das autoridades e da própria União Europeia que não tem poupado esforços na luta contra a desinformação e tem-no feito a vários níveis”, salienta a representante da Comissão Europeia em Portugal.

A literacia digital, mediática, “é essencial precisamente para preparar os recetores, os consumidores para terem esta capacidade de análise crítica da informação a que estão expostos”, elenca, apontando que também é preciso apoiar o jornalismo, o qual “é essencial a uma democracia” e “para que as pessoas possam fazer verdadeiras escolhas livres”.

Para isso, é preciso “ter informação fidedigna”, sublinha Sofia Moreira de Sousa.

“Ora, nós sabemos que, infelizmente, os jornalistas estão a enfrentar muitos desafios, não só por cortes de financiamento, como até muitas vezes autocensura, como falta de transparência em quem detém os meios de comunicação, enfim, uma série de questões que não são novas, de desafios que não são novos, mas é importante desenvolver medidas e legislação para proteger jornalistas e o jornalismo independente, imparcial e fidedigno”, defende.

Depois, é preciso continuar a “apoiar os ‘fact-checkers’, ou seja, aqueles que vão verificar a idoneidade da informação”, aponta a responsável.

“Trabalhamos com várias entidades e a própria Comissão Europeia tem vindo a estabelecer parcerias, não só com as plataformas digitais, mas com uma série também mesmo de plataformas da comunicação social, para desenvolver este trabalho de verificação dos factos”, recorda.

Sofia Moreira de Sousa insiste na responsabilidade individual que cada um deve ter e pensar bem antes de difundir mensagens quando não se tem a “capacidade ou o tempo necessário para verificar a sua idoneidade”.

Quanto à literacia digital, salienta que esta apesar de começar nas escolas, não se esgota nelas, sendo um processo “contínuo de formação” e nesse sentido “é preciso trabalhar em várias plataformas digitais e nos meios de comunicação clássicos” para também chegar a faixas etárias menos jovens.

“É necessário fazer este trabalho com todas as faixas etárias”, sublinha.

Mesmo a nível do digital “é muito importante a legislação que tem vindo a ser aprovada e proposta pela Comissão Europeia, no sentido de, desde já, da verificação de conteúdos”, diz, defendendo o princípio que o que é ilegal ‘offline’ é também ilegal ‘online’.

Combater a desinformação é “uma luta para continuarmos todos empenhados, as instituições europeias, desde já, e a Comissão Europeia vai continuar a defender o pluralismo dos media, o papel dos jornalistas, a liberdade da imprensa e o direito de os cidadãos de poderem ter acesso a informação vida digna, porque é a única forma de assegurarmos que temos uma democracia, que as pessoas são informadas e que exercem a sua liberdade e o seu direito de escolha de forma informada e com informação imparcial”, remata.

Sofia Moreira de Sousa participou na conferência “Os cidadãos podem derrotar a desinformação”, organizada pelo Conselho Económico e Social (CES) e o Comité Económico e Social Europeu (CESE), que decorreu em Lisboa na quinta-feira.

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