O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu hoje aos líderes mundiais que tenham a coragem de lutar pela paz em 2026, após este ano ter sido marcado por um recorde de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Numa mensagem de Ano Novo hoje divulgada, Guterres pediu aos responsáveis internacionais que “façam a sua parte e escolham as pessoas e o planeta em vez da dor”, defendendo que a paz deve prevalecer em 2026.
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“Exorto aqueles que ouvem esta mensagem: não fechem os olhos”, afirmou, sublinhando que o futuro “depende de uma ação coletiva com coragem” que defenda a justiça, a humanidade e a paz.
Alertando que “o mundo vai começar o novo ano numa encruzilhada” e “cercado pelo caos e pela incerteza, pela divisão, pela violência, pelo colapso climático e por violações sistémicas do direito internacional”, Guterres considerou que o planeta vive uma regressão dos princípios da humanidade.
Para o líder das Nações Unidas, o aumento este ano dos gastos militares em quase 10% é a escolha errada.
A despesa com armas e equipamentos militares atingiu quase 2,3 biliões de euros, disse, frisando que o valor é 13 vezes superior a toda a ajuda canalizada para o desenvolvimento e equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) de África.
“Neste novo ano, comprometamo-nos a mudar as nossas prioridades. Para que o mundo seja mais seguro, devemos começar por investir mais no combate à pobreza e menos nas guerras. A paz deve prevalecer”, defendeu.
“É evidente que o mundo tem recursos para melhorar a vida das pessoas, curar o planeta e alcançar um futuro de paz e justiça”, salientou Guterres, lembrando que mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo precisam de ajuda humanitária, das quais quase 120 milhões são deslocados à força por guerras, crises, desastres naturais ou perseguições.
O secretário-geral da ONU já tinha apresentado, em setembro passado, um relatório sobre o desequilíbrio nos gastos globais, argumentando que seria preciso apenas 4% do que foi dedicado às despesas militares — cerca de 79 mil milhões de euros — para acabar com a fome até 2030.
O documento apontava ainda que com pouco mais de 10% destes fundos, ou seja, com cerca de 243 mil milhões de euros, todas as crianças do mundo poderiam ser vacinadas.
Além disso, o relatório indicava que gastar mil milhões de dólares (cerca de 850 milhões de euros) com as forças armadas cria 11.200 empregos, enquanto o mesmo valor aplicado na educação gera 26.700 empregos. Se for investido no setor da saúde, gera 17.200 empregos, e no setor da energia limpa, cria 16.800 postos de trabalho.
Segundo a mesma análise, 15% do total das despesas militares seria suficiente para cobrir os custos anuais de adaptação às alterações climáticas nos países em desenvolvimento, mas cada euro gasto com as forças armadas gera mais do dobro das emissões do que é provocado pelos setores civis.
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