Desde o início do ano já foram detetados 46 focos de gripe aviária em 26 concelhos de oito distritos de Portugal continental, situação que está a ter um impacto direto no preço dos ovos, que registam aumentos significativos nos últimos meses.
De acordo com dados do Observatório de Preços Agroalimentar, no início de 2025 o custo médio de produção de meia dúzia de ovos da classe M era de 0,98 euros, valor que subiu para 1,13 euros no início de novembro, o que representa um aumento de 15%. Já o preço médio ao consumidor passou de 1,19 euros para 1,54 euros, uma subida de 29%. O maior aumento verificou-se entre fevereiro e março.
A região Oeste tem sido a mais afetada pela doença, concentrando a maioria das explorações avícolas, sobretudo de galinhas poedeiras. Nesta região foram registados oito focos em Torres Vedras, quatro nas Caldas da Rainha e um na Lourinhã. Desde 1 de novembro, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) confirmou 18 novos focos, sete dos quais já em dezembro.
Segundo a DGAV, nos últimos dois meses as espécies mais atingidas têm sido galinhas produtoras e reprodutoras, perus de engorda, patos de engorda e frangos. Dos 46 focos identificados desde janeiro, dez ocorreram em estabelecimentos avícolas comerciais, dois em explorações de pequena dimensão, quatro em capoeiras domésticas, três em aves de cativeiro, dois em locais mistos, um numa exposição e 24 em aves selvagens.
Entre as aves selvagens, as gaivotas são a espécie mais afetada, mas o vírus já foi também identificado numa cegonha, num corvo-marinho, numa garça e numa rola-turca, pode ler-se no Correio da Manhã.
Face ao agravamento da situação, a DGAV determinou o confinamento obrigatório das aves de capoeira e em cativeiro e proibiu, em todo o País, a realização de eventos, exposições, concursos e outras iniciativas culturais ou lúdicas envolvendo aves. Em 35 concelhos sob restrição sanitária, está igualmente proibida a circulação de aves, a realização de feiras e mercados, bem como a circulação de ovos e carne fresca de aves provenientes desses territórios.
As autoridades de saúde europeias alertaram para a necessidade de reforçar medidas de contenção, admitindo um cenário pré-pandémico. Embora os humanos possam ser infetados, tal só acontece em situações de contacto muito próximo com aves infetadas. As autoridades garantem que não há evidência de transmissão através do consumo de alimentos.
Em cinco anos, o preço dos ovos mais do que duplicou em Portugal. Em novembro de 2020, a produção de meia dúzia de ovos M custava 43 cêntimos, sendo vendida ao consumidor por cerca de 71 cêntimos, valores muito abaixo dos atuais.
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