O Governo desconvocou a reunião marcada para terça-feira com os representantes dos trabalhadores dos Transportes Urbanos de Coimbra, que iniciaram hoje uma greve de cinco dias, afirmou hoje a Câmara, dando uma justificação diferente da recebida pelos sindicatos.
O presidente do município, José Manuel Silva, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS-PP/NC/PPM/A/RIR/VP), disse hoje, em sessão do executivo, que a reunião marcada para terça-feira com representantes dos trabalhadores dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) e dirigentes sindicais foi desconvocada pelo Governo “precisamente devido à realização da greve”.
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Contactado pela agência Lusa, o delegado do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) nos SMTUC, João Soares, disse que foi informado da desconvocação da reunião, por volta das 12:00, pelo Governo, que deu como justificação o facto de ainda estar em gestão.
“Um dos dois está a mentir: ou o Governo ou o presidente da Câmara”, afirmou à Lusa João Soares, lamentando que a reunião tenha caído, considerando a justificação uma “desculpa esfarrapada” e sinal de falta de vontade do executivo liderado por Luís Montenegro em resolver o problema dos trabalhadores, que exigem melhorias salariais e reposição da sua carreira.
O delegado sindical recordou que os trabalhadores, caso tivessem saído da reunião “com uma notícia positiva” na terça-feira, estavam disponíveis para desconvocar a greve para os restantes três dias desta semana.
José Manuel Silva acusou o STAL de não querer “resolver o problema dos motoristas” para “continuar a fazer política sindical”, criticando a decisão de se manter a greve de maio, quando estava marcada uma reunião com o Governo.
“Nenhum Governo negoceia sob pressão de uma greve em curso”, disse, reiterando a ideia de “politização da greve” e recordando que também na Nazaré, Portalegre e Barreiro há transportes públicos municipalizados, com os mesmos problemas de Coimbra, mas sem qualquer luta sindical.
Na reunião do executivo camarário, José Manuel Silva alegou que haveria motoristas pressionados por outros colegas a aderirem à greve, apesar de a luta de cinco dias ter sido aprovada por unanimidade em plenário.
Durante a reunião, a vereadora do PS Regina Bento considerou que a postura do presidente da Câmara “não ajuda a resolver os problemas e a travar esta greve que penaliza fortemente quem precisa dos transportes públicos”, sugerindo a criação de uma comissão de representantes que servisse de mediador “junto dos trabalhadores e seus representantes sindicais” para “potenciar soluções equilibradas”.
Já o vereador da CDU, Francisco Queirós, recordou que esta é “uma longa luta” dos motoristas dos SMTUC, referindo que hoje só terão trabalhado dois motoristas.
“Quero exortar a Câmara para exercer toda a pressão possível junto do Governo para que seja encontrada, em gestão ou fora de gestão, uma solução para este problema que afeta a população de Coimbra”, vincou.
Sobre as alegações de pressões de adesão à greve, Francisco Queirós salientou que a maior delas “será o salário baixíssimo que têm”.
Esta é a terceira greve dos trabalhadores dos SMTUC este ano, depois de terem cumprido dois dias em fevereiro e três em março, num calendário de luta que aumenta um dia todos os meses até setembro, mês em que deverão realizar-se as eleições autárquicas, totalizando 40 dias de paralisação.
Em abril, suspenderam uma greve de quatro dias, mediante reunião que estava marcada com o Governo, que acabou por não se realizar.
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