Região

Geofísica pode ajudar Conimbriga a mostrar área arqueológica por escavar

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 04-06-2022

A prospeção geofísica poderá disponibilizar aos investigadores e visitantes de Conimbriga, em Condeixa-a-Nova, uma área de 18 hectares que nunca foi escavada, disse à agência Lusa o diretor do sítio arqueológico e do Museu Monográfico.

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Vítor Dias, que falava a propósito do 60.º aniversário do Museu de Conimbriga, que será celebrado no dia 10, defendeu que a geofísica “pode dar um bom contributo” para as pessoas conhecerem “uma grande parte da cidade romana que não está estudada”, nem aberta a visitas.

“Chegou o momento de questionarmos como a podemos explorar, não só na dimensão patrimonial e arqueológica, mas também paisagística e ambiental”, declarou Vítor Dias, realçando o facto de aquela metodologia “não ser uma atividade intrusiva”.

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Junto à povoação de Condeixa-a-Velha, o conjunto patrimonial acolhe o Museu Monográfico, desde 1962, e abrange diversos terrenos, alguns outrora cultivados, com uma área total superior a 20 hectares, dos quais apenas quatro estão escavados.

Da reserva de 18 hectares que falta investigar, oito situam-se num planalto rodeado pela Muralha Augustana, que termina em vértice, que terá sido habitado por povos autóctones antes da conquista pelos romanos, provavelmente em 136 antes de Cristo.

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“É uma área imensa que pode ser musealizada de forma harmoniosa e criativa, com o contributo da arquitetura paisagística e, quiçá, com a possibilidade de termos um miradouro no bico da muralha”, preconizou o responsável.

No Dia Internacional dos Museus, 18 de maio, durante uma visita do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, ao campo arqueológico, Vítor Dias, sem avançar detalhes, já se tinha questionado sobre o que fazer à reserva arqueológica.

Em entrevista à agência Lusa, defendeu agora que a resposta venha a incluir a construção de um mirante com vista para o rio de Mouros, que ladeia o promontório, e de onde se avistarão ao longe a A1 e a EN1, que atravessam o concelho de Condeixa-a-Nova, no distrito de Coimbra.

A obra “poderia permitir às pessoas sentirem o sítio na sua plenitude, perceberem a dimensão territorial e a relação identitária de Conímbriga com a região Centro”, numa perspetiva que compreende o Baixo Mondego, o maciço cársico de Sicó e mesmo as serras de xisto da Lousã e do Açor.

Numa “perspetiva interdisciplinar”, o miradouro “iria permitir esta interpretação geográfica e geomorfológica”, afirmou o arqueólogo, admitindo que a iniciativa integre uma candidatura aos fundos europeus do Portugal 2030.

Entretanto, os cinco milhões de euros previstos para Conimbriga no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “vão permitir duas abordagens”, na manutenção da área arqueológica visitável e no edificado.

A dotação do PRR contempla intervenções na cobertura da Casa dos Repuxos e na palestra das Termas do Sul, além da substituição da provisória Oficina dos Mosaicos por uma definitiva e da criação de uma sala de exposições temporárias.

Por outro lado, o reforço das opções digitais ajudará a minimizar a degradação do legado arqueológico pelos agentes erosivos.

“Temos de fazer primeiro um bom registo digital de alguns mosaicos e estruturas. Nalguns casos, poderá haver uma leitura mais integral e adequada se forem mostrados digitalmente”, referiu Vítor Dias.

Salientando que “a população deve beneficiar do investimento que o Estado fez aqui”, o diretor propõe que o sítio funcione como “um cluster experimental de ciência”, que tire partido da “relação umbilical” que mantém com a Universidade de Coimbra há mais de 100 anos.

Para o presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova, Nuno Moita, “Conimbriga é uma marca da identidade” local que a autarquia tem procurado valorizar “em parceria com o museu”.

A cidade romana “muito tem contribuído para o desenvolvimento, valorização e reconhecimento do concelho”, disse.

Também a Liga de Amigos de Conimbriga (LAC), fundada em 1992, se congratulou com os 60 anos de atividade do museu.

Numa nota enviada à agência Lusa, o presidente da LAC, António Queirós, enfatizou a importância de “servir o museu e os seus públicos nacionais e internacionais” há cerca de 30 anos.

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