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Funeral de Estado dos 237 mortos em Valência um ano após tragédia

Notícias de Coimbra com Lusa | 46 minutos atrás em 29-10-2025

Imagem: DR

Espanha homenageia hoje com um funeral de Estado em Valência as 237 pessoas que morreram há um ano nas inundações no leste do país, uma tragédia que continua a ser investigada pela justiça e em três comissões parlamentares.

Em 29 de outubro de 2024, uma “gota fria” ou DANA, como é conhecida em Espanha uma “depressão isolada em altos níveis”, formou-se no sul da Península Ibérica e gerou chuvas de grande intensidade e concentradas, sobretudo, no interior da região de Valência, onde foram medidos níveis de queda de água em 24 horas com valores dos mais elevados desde que há registo na Europa.

A água, em grandes quantidades, acabou por descer em direção à costa mediterrânica por barrancos e ribanceiras e invadiu, no final da tarde, estradas e ruas de vários subúrbios da cidade de Valência, uma das zonas com maior densidade populacional de Espanha.

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Morreram nas inundações e no temporal 229 pessoas na região autónoma da Comunidade Valenciana, sete numa zona vizinha da região de Castela La Mancha e uma na Andaluzia (sul de Espanha), segundo dados oficiais.

Em Valência, a região no epicentro da tragédia, o temporal afetou uma área de cerca de 553 quilómetros quadrados de 75 municípios e 306 mil pessoas.

Segundo o governo autonómico, as cheias causaram danos de pelo menos 17.800 milhões de euros em habitações, infraestruturas de abastecimento e transporte, parques naturais e zonas protegidas, escolas, centros de saúde, equipamentos sociais e culturais ou 64.100 empresas, entre outros setores.

A agência nacional de meteorologia de Espanha (Aemet) tinha acionado um aviso vermelho de chuvas desde as 07:00 da manhã para a região de Valência, mas só às 20:11 as populações receberam nos telemóveis um alerta da proteção civil, tutelada pelos governos regionais.

O alerta, além de tardio, tinha um conteúdo considerado inadequado para uma situação de risco de inundações, que apanharam as populações de surpresa na zona da costa, onde não tinha chovido durante o dia.

Segundo o primeiro relatório da investigação judicial aberta para apurar eventuais responsabilidades criminais na morte de 229 pessoas em Valência – que ainda decorre -, a maioria das vítimas morreu antes de o alerta da proteção civil ter chegado aos telemóveis.

As cheias estão ainda a ser alvo de três comissões parlamentares (no parlamento regional valenciano, no parlamento espanhol e no Senado de Espanha), constituídas para apurar responsabilidade políticas.

Nenhuma das comissões tem ainda conclusões e a do parlamento espanhol (Congresso dos Deputados), que se prevê que seja a de maior impacto e relevância, só em meados de novembro iniciará as audições, que incluem o chefe do executivo regional da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, do Partido Popular (PP, direita), e o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez.

Desde as cheias, por causa do alerta tardio e de informações públicas consideradas parciais e contraditórias, Mazón tornou-se no principal alvo das críticas das populações e em 12 meses foram convocadas 12 manifestações em Valência para pedir a sua demissão que mobilizaram dezenas de milhares de pessoas.

Familiares de vítimas pediram nas últimas semanas a Carlos Mazón para não ir ao funeral de Estado previsto para hoje às 18:00 locais (17:00 em Lisboa), para o Museu das Ciências de Valência.

No “funeral de Estado para homenagear as vítimas da DANA” estarão as máximas autoridades de Espanha, incluindo os Reis, Felipe VI e Letizia, e o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, assim como familiares dos mortos.

Estão previstas intervenções, durante a cerimónia, de Felipe VI e de representantes das famílias das vítimas.

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