Política

Fundos da UE e António Costa, os alvos do CDS da “direita da tolerância”

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 23-05-2019

 

O CDS-PP fez da campanha europeia uma primeira volta para as legislativas que serviu para o candidato Nuno Melo pôr o líder do PS, António Costa, e a baixa execução de fundos comunitários como alvos centrais.

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Assunção Cristas, a presidente do partido, esteve ao lado do seu vice-presidente e cabeça de lista quase todos os dias, numa ou mais iniciativas, fossem jantares-comício, feiras ou mercados, alinhando o discurso contra o PS, António Costa ou o Governo das “esquerdas encostadas”.

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Na primeira semana de campanha, o foco foi a execução dos fundos comunitários e a eventual perda de 7% dos fundos de coesão, equivalente a 1,6 mil milhões de euros, prevista na primeira proposta da Comissão Europeia, um tema estritamente europeu, mas que serviu para Melo atacar e responsabilizar o Governo.

Mas pelo meio, outros temas nacionais cruzaram a campanha e os discursos, desde o caso de nomeações familiares no governo socialista, conhecido como “familygate”, até à polémica em torno de Joe Berardo e a sua audição no parlamento em que disse que não tinha dívidas, e que levou Melo a sugerir a retirada das condecorações que recebeu de dois Presidentes da República.

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Na estratégia de ataque ao PS, o CDS desvalorizou o “candidato formal”, Pedro Marques, afirmando que António Costa, o primeiro-ministro, “escondeu-o”, quando nem se lhe referiu num comício. Mas quando dele falou, Nuno Melo tentou “colá-lo” a José Sócrates, ex-primeiro-ministro.

E tentou colar tanto o líder socialista como o ex-ministro que concorre a Estrasburgo a Sócrates, que os centristas responsabilizam pela “bancarrota de 2011”, lembrando que cinco ex-governantes desse tempo estão agora na lista socialista de candidato, entre eles Pedro Silva Pereira.

Ao longos destes dias de campanha, que levou a comitiva de norte a sul do país, com “tiradas” de centenas de quilómetros por dia, Nuno Melo tentou mostrar que falar de problemas nacionais também é Europa, ao visitar as zonas afetadas pelos incêndios de 2017, em Oliveira do Hospital ou em Monchique, no Algarve, para mostrar o que diz ser “o desperdício” de fundos europeus ou denunciar os atrasos na ajuda à reconstrução.

A campanha teve um ponto de viragem no fim da primeira semana, quando, no Montijo, Setúbal, Melo colocou uma nova fasquia para o CDS ficar em terceiro lugar, à frente dos dois partidos de esquerda, além de voltar a eleger dois eurodeputados. E dramatizou o voto, pedindo que o “25 de Novembro” vença o “11 de Março”.

E esta dramatização serviu também para justificar pedir os votos da “direita democrática”, dado que o PSD, parceiro de Governo entre 2011 e 2015, que genericamente foi poupado às críticas durante a campanha eleitoral, se reposicionou ao centro-esquerda.

Afinal, argumentou, o PSD assume-se de centro, o líder, Rui Rio, diz ser de centro-esquerda, e Paulo Rangel, o candidato laranja, afirmou que nunca foi de direita, algo que leva os centristas a querer ocupar esse espaço político.

Paulo Portas, o antigo e ex-vice-primeiro-ministro, reapareceu a discursar numa iniciativa do partido, em Cascais, e logo para fazer um apelo à moderação e ao voto do PSD – “eleitores da nossa área, não socialistas” – no CDS.

Tanto Melo como Cristas usaram o palco dos jantares-comício como tribuna para a política nacional, seja no impasse na resolução do conflito entre o Estado e o SIRESP, seja na denúncia das filas de espera na saúde, mas também para ir subindo o tom contra o Governo.

E foi também no fim de semana, mas mais a norte, em Aveiro, que a líder centrista assumiu de forma aberta olhar esta campanha como uma primeira volta para as legislativas pediu um “cartão vermelho” ao Governo.

Em temas europeus, mais Nuno Melo do que Cristas, bateram na “tecla” dos fundos comunitários, mas também apontaram ao ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, por, alegadamente ter aceite, “à socapa, na campanha eleitoral”, o princípio de um novo imposto europeu, sem mandato do parlamento português.

Para o final da campanha ficou a acusação mais dura a António Costa – estar, com a sua “ambição cega”, já com “os olhos na Europa” para tentar ser presidente do Conselho Europeu, deixar para trás o pais e “não ter que reparar os estragos” da sua “governação adiada”.

A campanha foi concebida para ir “em crescendo”, com mais pessoas à volta do candidato, que quase todos os dias foi a mercados e feiras, sem importar que lhe chamem o “Melinho das feiras”. Entre a simpatia do norte, também teve alguma reações negativas, como aconteceu em Olhão e Faro, no Algarve.

Foi nesse dia que cometeu o erro, que chamou de lapso, em Beja, de associar o nome de António Costa, como ex-ministro de José Sócrates, à criação da fundação de Joe Berardo credora de créditos da Caixa Geral de Depósitos, para o corrigir, horas depois, à noite, em Portimão, Faro.

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