Saúde

“Fui para ser operada ao intestino e saí só com um rim”. Paciente relata negligência e médica denunciante acusada de difamação

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 semanas atrás em 03-10-2025

“Fui para o hospital de Faro para ser operada ao intestino e saí de lá só com um rim”. A frase foi proferida por uma paciente que testemunhou na quinta-feira, 2 de outubro, no julgamento de Diana Pereira, jovem médica que denunciou 11 casos de alegadas más práticas clínicas no Hospital de Faro.

Diana Pereira está a ser julgada por difamação, acusada de ter “manchado o bom nome e reputação” do diretor do Serviço de Cirurgia daquela unidade, Martins dos Santos, que exige uma indemnização de 172 mil euros, informa o Correio da Manhã.

A vítima relatou que tinha um tumor em fase inicial no intestino e que a cirurgia seria simples, com uma estadia prevista de três a quatro dias. “Acabei por ficar um mês, fui para a sala de operações quatro vezes e tive de levar quatro anestesias gerais”, disse. A paciente foi operada por um cirurgião, que foi um dos médicos denunciados por Diana Pereira.

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As denúncias foram apresentadas à Polícia Judiciária em 2023 e o processo encontra-se em investigação no Departamento de Investigação e Ação Penal de Évora. Apesar de ainda não existir conclusão no processo-crime, a médica interna enfrenta já o julgamento por difamação. “As pessoas que enfrentam os sistemas que estão instalados e que vão contra os interesses estabelecidos são fatalmente sacrificadas”, lamentou o advogado de Diana Pereira.

Dois enfermeiros do Hospital de Faro também prestaram depoimento, descrevendo complicações decorrentes das cirurgias realizadas pelos médicos denunciados. O psicólogo da médica testemunhou sobre o estado de ansiedade de Diana Pereira antes das denúncias de alegada negligência ou omissão de auxílio.

Em 2023, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) propôs a suspensão de 40 dias, com perda de retribuição e antiguidade, a um dos médicos denunciados por más práticas clínicas no serviço de cirurgia do Hospital de Faro. A decisão consta das conclusões do processo disciplinar instaurado pela Unidade Local de Saúde do Algarve.

A próxima sessão do julgamento está marcada para 21 de outubro.

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