Justiça

Fraude telefónica dispara em Portugal: 200 queixas por dia alertam para urgência em cibersegurança

Notícias de Coimbra | 3 horas atrás em 24-10-2025

Em Portugal, os números relacionados com cibersegurança e fraude são cada vez mais preocupantes: nos primeiros meses de 2025, os casos de spoofing (técnica em que um criminoso se faz passar por entidade confiável, como uma pessoa, empresa ou um banco) duplicaram face a 2024, segundo dados da ANACOM. Já a Polícia de Segurança Pública (PSP) recebe cerca de 200 queixas de burla por dia. Com este contexto, e uma vez que outubro é o Mês Europeu de Cibersegurança, a Atlântica – Instituto Universitário defende que o país precisa de uma resposta coordenada no combate a estes crimes, envolvendo a academia, as autoridades e o setor bancário.

“Como docente, vejo aqui uma oportunidade que não devemos desperdiçar”, avança Virgínia Araújo, docente da Atlântica da Licenciatura em Gestão de Sistemas e Computação, explicando que “a burla telefónica, que duplicou em apenas seis meses, merece uma atenção mais direcionada”. De acordo com a especialista em Governance e Gestão de Sistemas e Tecnologias de Informação, “Portugal precisa de desenvolver parcerias coordenadas entre universidades, autoridades e o setor bancário focadas especificamente na fraude telefónica”.

Atualmente sabe-se que as burlas “Olá Pai/Olá Mãe” já fizeram milhares de vítimas, causando perdas na ordem dos milhões de euros. Este tipo de burla por telefone atinge as pessoas no seu quotidiano, fazendo vítimas junto de uma população mais vulnerável e idosa e com menos literacia digital. “As estratégias gerais de cibersegurança são fundamentais, claro, mas falta-nos uma resposta coordenada e dirigida especificamente à fraude telefónica. Universidades, autoridades e empresas precisam de trabalhar em conjunto para travarem este fenómeno crescente”, defende a docente.

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A investigação aplicada ao contexto nacional, através da análise dos padrões locais de fraude e das características dos grupos mais vulneráveis, é um dos caminhos apontados pela Atlântica, com o intuito de desenvolver estratégias baseadas em dados. Além disso, Virgínia Araújo sugere ainda a promoção de formação mais transversal e abrangente, envolvendo futuros gestores, juristas, jornalistas e até funcionários públicos, com o intuito de saberem reconhecer e lidar com estas ameaças. Ainda neste âmbito, a promoção de parcerias com o setor é essencial, procurando assim simular planos de resposta adaptada a diferentes realidades, como bancos, escolas ou hospitais. Finalmente, esta especialista sublinha a importância da educação comunitária, especialmente voltada para os mais idosos, através da realização de ações em centros de dia, bibliotecas, escolas e juntas de freguesia.

Enquanto este trabalho de fundo vai sendo realizado, a especialista relembra que “há medidas que qualquer pessoa consegue tomar já”. Exemplo disso é a recomendação para nunca se partilhar códigos ou dados bancários ou instalar aplicações no seguimento de chamadas não solicitadas. Perante uma ligação suspeita deve sempre optar-se por desligar a chamada e verificar a autenticidade da mesma através dos canais oficiais. É fundamental denunciar às autoridades, mesmo não tendo sido vítima. Perante uma situação de potencial fraude, cada denúncia contribui para mapear as redes criminosas e proteger outros cidadãos. Por fim, as empresas e as instituições devem adotar a prática de formações regulares, incluindo simulações de chamadas fraudulentas, para preparar os seus colaboradores a reconhecer e prevenir este tipo de fraude.

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