Saúde

Francisco George assume-se um discípulo de António Arnaut 

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 14-09-2019

Discípulo do fundador do Serviço Nacional de Saúde António Arnaut, Francisco George testemunhou e participou na construção do SNS ao qual dedicou a sua vida profissional para ajudar a promover a saúde da população.

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Antes da criação do Serviço Nacional de Saúde em 1979, Francisco George já era médico e desempenhava funções de delegado de saúde em Beja, no Baixo Alentejo, onde havia muitas mortes maternas.

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Foi como delegado de saúde que conheceu António Arnaut, uma vez que Beja foi um dos três distritos-piloto do país onde “construíram o Serviço Nacional de Saúde”, recordou Francisco George, que foi diretor-geral da Saúde durante 12 anos.

“Trabalhei muito de perto com ele, fiquei sempre muito impressionado com a forma determinada como tomava uma decisão e como esta era concretizada sem demoras”, disse o atual presidente da Cruz Vermelha Portuguesa em entrevista à Lusa.

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Os tempos que antecederam a publicação da lei que criou o SNS, a 15 de setembro de 1979, foram atribulados e marcados por vários momentos históricos.

Tudo começou em 1974 com a lei do Movimento das Forças Armadas que atribuía ao governo provisório a missão de lançar as bases para a criação de um serviço nacional de saúde ao qual todos tivessem acesso, lembrou Francisco George.

“Depois vem a Assembleia Constituinte e a aprovação definitiva da Constituição de 1976 que determina que os portugueses têm direito à saúde e esse direito é realizado pela criação do Serviço Nacional de Saúde”, recordou.

Mas foi em 1978 que o projeto inicial do despacho, assinado por António Arnaut, então ministro dos Assuntos Sociais do governo de Mário Soares deu entrada no parlamento e constituiu uma verdadeira antecipação do SNS, abrindo o acesso dos serviços médico-sociais a todos.

A construção do SNS é conseguida nos sete meses do ministério da António Arnaut em 1978, mas só viria a ser criada na Assembleia da República no Governo de Maria de Lurdes Pintassilgo.

“Foram sete meses de grande dinamismo, sete meses de brasa, fantásticos”, lembrou Francisco George.

Recordou ainda o histórico dia 15 de setembro. Nesse dia, António Arnaut, então vice-presidente da Assembleia da República, substituiu de “forma simbólica” o então presidente Teófilo Carvalho dos Santos, que lhe cedeu o lugar para que pudesse “aprovar a lei que hoje tem o seu nome”.

Francisco George sublinhou que a lei tem o nome de Arnaut, sobretudo porque em 1978 “ensaiou com grande sucesso a implementação das primeiras medidas do SNS”.

Em quatro décadas, as melhorias nos cuidados de saúde foram fundamentais: Portugal “estava entre os mais atrasados dos atrasados países europeus e colocou-se, em 40 anos, num pódio que ocupa os três primeiros lugares a nível europeu, sobretudo no que respeita à mãe e à criança”, frisou.

Para este resultado, contribuiu o “trabalho notável” na área da saúde materno-infantil definido por “um grande médico português”, Albino Aroso, considerado o pai do planeamento familiar.

“As mulheres portuguesas, as mães, muito devem nestes últimos 40 anos ao trabalho que foi conseguido, formulado, desenhado, implementado e depois sucessivamente avaliado, incluindo a interrupção voluntária da gravidez, por Albino Aroso”, salientou o médico.

Por isso, afirmou, “considero-me um discípulo de António Arnaut e de Albino Aroso”, já falecidos.

“Trabalhei muito nestes processos de construção desde 1974. Já era médico e, portanto, sou muito espetador, um pouco do ator também, ajudei, na medida do possível, no processo de construção e mais tarde, como diretor-geral da Saúde”, vincou.

A dedicação exclusiva ao serviço público foi uma opção de Francisco George, também filho de um médico que diz tê-lo “influenciado muito” nas escolhas.

“Eu escolhi ser o especialista não de um doente, mas dar um contributo para a promoção da saúde da população, isto é, para prolongar a vida daqueles que estão doentes”, rematou Francisco George.

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