Mira voltou a ser o palco de uma autêntica celebração da gastronomia tradicional, com a realização de uma oficina dedicada à Sardinha na Telha, um prato emblemático da região. A iniciativa foi acompanhada pelo Notícias de Coimbra.
“A Sardinha na telha é de Mira. Não é de mais lado nenhum”, afirmou com orgulho o chefe Luís Lavrador, numa declaração que resumiu o espírito do evento. O prato, conhecido por ser confecionada em telha, originalmente retiradas dos telheiros dos currais dos porcos, remonta a tempos em que a criatividade e os recursos escassos moldavam o dia-a-dia das famílias da Gândara.
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Durante a oficina, os participantes puderam acompanhar todas as etapas da confeção: desde a preparação da sardinha envolta em farinha de milho, ao molho aromático feito com azeite, alho e piri-piri.
Gabriel, um dos facilitadores, explicou os cuidados que é preciso ter na confecção e partilhou memórias de infância, lembrando como a folha de figueira era usada por baixo da sardinha nas telhas, “para não colar e facilitar a lavagem”.
O chefe Luís Lavrador reforçou que a receita original era mais simples, sem molhos ou azeites: “A sardinha era gorda, da matança, e libertava a sua própria gordura. Só levava farinha e ia ao forno.”
A acompanhar a sardinha na telha está sempre a broa de milho, cozida nos fornos comunitários ou de casa.
“Era o manjar do dia em que se cozia a broa. Um dia de festa” explicou o chefe Lavrador, enquanto apresentava a “baixada”, outro tipo de broa feita com restos, fina, para cozer mais rapidamente e matar a fome dos que esperavam.
Dá-se também destaque para o “brindeirinho”, uma pequena porção de massa sobrante da broa, moldada e cozida especialmente para as crianças. “O resto dos restos”, refere.
Os jovens, garante, também apreciam este tipo de comida tradicional. “Não é verdade que só gostem de hambúrgueres. Os meus alunos de gastronomia ficaram fascinados com esta experiência aqui em Mira.”
Veja o direto do Notícias de Coimbra:
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