Desporto

Foi escolhido pelo nome e quer ser o primeiro snowboarder luso nos Jogos Olímpicos

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 27-10-2021

Christian de Oliveira, nascido na Austrália, foi sinalizado pelo selecionador nacional quando procurava atletas com nomes que indicassem poder ter origem portuguesa e agora espera ser o primeiro snowboarder luso a competir nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim2022.

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A competição na China começa dentro de 100 dias, realiza-se entre 04 e 20 de fevereiro, e o ‘rider’, de 22 anos, lusodescendente com raízes no Covelo, freguesia de Valadares, no concelho de São Pedro do Sul, onde este ano regressou de férias, acredita que não vai falhar o objetivo que em 2018 lhe escapou por pouco.

“Acredito sinceramente que serei o primeiro snowboarder português nos Jogos Olímpicos”, disse à agência Lusa o atleta de snowboard alpino, que compete em slalom gigante paralelo e em slalom paralelo.

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Com uma pontuação acima dos 100 pontos necessários da Federação Internacional de Esqui (FIS), falta-lhe ficar entre os 30 primeiros numa das seis provas que pode disputar da Taça do Mundo, embora tencione qualificar-se nas três primeiras competições, em dezembro, para cumprir “o sonho” que alimenta desde os 12 anos de estar nos Jogos Olímpicos, embora não imaginasse que o pudesse fazer com as cores portuguesas.

O selecionador nacional da modalidade, Nuno Marques, conhecido nos desportos de inverno como Mancha, perdeu a conta às horas passadas a ver as listas de atletas em competições de vários países, até encontrar alguns com potencial e com nomes que pudessem indicar origem portuguesa.

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Quando contactou Christian de Oliveira, nascido na Austrália e filho de pai do distrito de Viseu, “o sim foi imediato”, contou à Lusa o atleta, que ficou “ansioso até vestir pela primeira vez o equipamento português”, em 2017, “um orgulho” sempre renovado para si e para a família.

Em 2018, foi o primeiro snowboarder luso num Mundial da modalidade e em 2020, na Taça do Mundo em Scuol, na Suíça, foi 27.º classificado na prova de paralelo gigante, posição que em período de qualificação olímpica lhe carimbaria o passaporte para Pequim2022.

O ‘rider’ integrou a preparação olímpica para PeyongChang2018, quando tinha apenas 18 anos, e afirmou à Lusa que nos últimos quatro anos adquiriu conhecimentos “só possíveis com a experiência”, que o tornaram um melhor atleta, mais preparado.

Convicto de que integrará a missão portuguesa na China, tem os olhos postos já na prova olímpica, onde gostaria de chegar à final.

“Um bom resultado para mim seria ficar no ‘top 16’ e competir na final”, projeta, em declarações à agência Lusa.

Apesar de já ter estado infetado com o novo coronavírus, a pandemia não foi um grande entrave, uma vez que conseguiu fazer algumas provas e, se no inverno europeu vive na Áustria, para onde se mudou dos Estados Unidos, durante o verão rumou à Austrália, no hemisfério sul, onde conseguiu sempre treinar na neve, assim como preparar-se fisicamente a correr nas montanhas e, embora tivesse ficado sem acesso aos ginásios, montou um em casa com alguns equipamentos.

O selecionador, Mancha, destacou a “evolução exponencial” de Christian de Oliveira, que mesmo em período de pandemia “conseguiu cumprir o programa de treino”. “Tecnicamente teve uma progressão bastante grande”, constatou.

“Ele é um puro atleta, verdadeiramente dedicado, competitivo. O facto de estar fora de casa desde muito novo fez dele uma pessoa muito madura, e isso reflete-se na força mental que ele tem”, elogiou o técnico nacional, chamando ainda a atenção para a idade e “para a sua grande margem de progressão”, considerando que “os atletas no ‘top 10’ têm uma média de 30 anos”.

Segundo Mancha, o snowboarder está num patamar em que tem apenas de subir alguns degraus para obter a qualificação, quando ainda faltam três meses de treinos e seis oportunidades.

“O apuramento do Christian é um cenário realista, não meramente hipotético”, afiançou o selecionador nacional, que, no entanto, alertou nem tudo depender do atleta.

Nas provas participam 32 ‘riders’ e cada país só pode levar quatro atletas em cada modalidade e 16 no total. Mesmo cumprindo os requisitos mínimos, é preciso depois esperar pela listagem final, em janeiro, embora tenha acentuado a “elevada probabilidade” de Portugal conseguir ter pela primeira vez um snowboarder na comitiva olímpica.

Assim como treina diariamente, Christian tem a condição imposta pelos familiares e amigos de praticar todos os dias o português, para se sentir à vontade com a língua.

Mancha deixou de passar a pente fino as listas de atletas de outros países. Tem optado por ir acompanhando a evolução de miúdos a quem reconhece aptidão e faz campos de treino para crianças, assim como estágios, para desenvolver a modalidade em Portugal, uma tarefa em que acredita que Christian pode ajudar, através da visibilidade que foi alcançando.

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