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“Fiquei sem ninguém. Perdi tudo.”! Maria Odete chora a morte do filho nos incêndios de 2017

Notícias de Coimbra | 2 horas atrás em 15-10-2025

Oito anos depois da tragédia de 15 de outubro de 2017, que marcou profundamente o concelho de Oliveira do Hospital, as cicatrizes continuam bem presentes na vida de quem perdeu tudo. É o caso de Maria Odete, mãe de Pedro Luís Ribeiro Pereira, uma das 13 vítimas mortais do grande incêndio que devastou a região naquela noite infernal.

Pedro tinha 46 anos e vivia em Nogueira do Cravo. Naquela noite, ao ver as chamas aproximarem-se da casa da mãe, tentou fugir com ela. Cada um seguiu num carro diferente.

“Ele voltou para trás… eu segui para a frente. Ele ainda saiu do carro e andou 80 metros. Mas não resistiu”, conta Maria Odete, com a voz embargada. Pedro sofria de problemas respiratórios, arritmia e estava em tratamento de quimioterapia. “Não morreu queimado. O coração não aguentou.”

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Foi um vizinho que, por volta da 1h da manhã, ajudou Maria Odete a regressar à zona onde tinham tentado escapar.

“Passámos por um carro ardido. Disseram que era de um estrangeiro. Mais à frente… estava ali o meu filho. Morto.” Maria Odete vive com essa imagem todos os dias. “Desde então, não há um dia que eu não vá ao cemitério. Vou lá estar com os meus filhos., conta.

A dor desta mãe é ainda mais profunda: já tinha perdido uma filha um ano e meio antes da tragédia. “Fiquei sem ninguém. Sem filhos, sem netos. Só eu. Perdi tudo.”, diz.

Pedro era o seu apoio, a sua companhia. “Podia levar-me a casa, aos bens, levava tudo… mas deixava-me o meu filho. Ele era a minha alegria.”

Hoje, Maria Odete diz que não vive, apenas sobrevive, mas momentos como este, em que o concelho homenageia os que partiram, trazem-lhe algum consolo.

“Para mim, é um dia de tristeza… mas também de alívio. A missa que vão fazer… é a coisa mais maravilhosa que a câmara pode fazer. Sinto paz no coração.”, afirma em entrevista ao NDC.

O testemunho de Maria Odete é um lembrete doloroso de que há feridas que continuam abertas e vidas que nunca mais voltaram a ser as mesmas.

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