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Fileira do pinheiro garante emprego em zonas “onde não há ninguém”

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 20-09-2018

 A fileira do pinheiro em Portugal representa mais de 54 mil empregos, muitos em zonas “onde não há ninguém”, e a Associação para a Valorização da Floresta de Pinho (Centro PINUS) pretende que a área de pinhal aumente.

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“Esta fileira pesa muito em termos económicos, de trabalho e emprego, e o Governo já tem dito que a área de pinhal é para recuperar, mas tarda. O que acontece é que isto já devia ter sido decidido há muito tempo, já ninguém nos vai salvar de um problema gigantesco no futuro”, disse à agência Lusa João Gonçalves, presidente da Centro PINUS.

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De acordo com os últimos indicadores do setor, dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 80% dos empregos do setor florestal (54.181 postos de trabalho) e 88% das empresas da área industrial estão na fileira do pinho, definida por João Gonçalves como “profunda e complexa, que não é semelhante a nenhuma outra, nem sequer à do eucalipto”.

“Temos mais de 300 empresas na fileira do pinho que estão exatamente onde não está ninguém, as serrações estão perdidas pelas serras, no Interior. No verão, onde é que estão pessoas a trabalhar na floresta? Os resineiros que andam a tirar a resina do pinheiro. E quem trabalha no verão a fazer seleção e tratamento é no pinhal. Por isso, digo que o pinhal tem de ser falado como quase uma causa nacional”, defende o dirigente da Centro PINUS.

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Adianta que o volume de negócios do pinho é quase metade (46%) das empresas do setor florestal a as exportações pesam 35% nas indústrias florestais.

A criação da associação em 1998, há 20 anos, decorreu de uma preocupação então identificada “quando já se verificava um défice de madeira que preocupava as indústrias”. Na altura, de acordo com João Gonçalves, a área de pinheiro bravo rondava um milhão de hectares e hoje, 20 anos volvidos, caiu para metade, cerca de 500 mil hectares.

“A partir de 2020, estimamos que o défice de madeira seja superior a 50% das necessidades de consumo industrial”, antecipa.

A associação defende a inversão da tendência de redução da área de pinhal e argumenta que “mesmo a nível do Governo há essa consciência”.

“Temos feito alguns projetos, temos apostado na certificação, temos um pomar de sementes que produzimos, temos a primeira área arrendada com pomar de sementes e temos de conseguir que as pessoas acreditem na cultura do pinheiro, na sua rentabilidade, porque há uma perceção de ser menos rentável do que outras alternativas, mas não é verdade”, argumenta João Gonçalves.

Dá o exemplo do pinhal de Leiria, que antes da “calamidade” de outubro de 2017 – ardeu cerca de 85% da sua área – “era das áreas florestais mais rentáveis da Europa, estava bem instalado e produzia produtos de grande valor”.

O dirigente associativo defende uma melhor floresta em Portugal, “de mais qualidade, melhor protegida, que garanta melhores serviços ambientais e maior resistência aos fogos”, alegando, que para tal, “é indiscutivelmente necessária mais área de pinhal”.

Por outro lado, a Centro PINUS aposta na comunicação sobre o que diz ser uma “fileira histórica e pioneira” em Portugal, “que está em risco de definhar” e cujas aplicações estão “um pouco por todo o lado”.

“As pessoas não sabem que nas suas casas, hoje em dia, quando abrem a porta, a porta é madeira de pinheiro. Embora revestida com o que quer que seja, é aglomerado de partículas de pinheiro. A sua cozinha é certamente de aglomerado de partículas, pintada, lacada, o que quer que seja, e dentro de sua casa tem certamente mil quilos de madeira de pinheiro, a mesa da sala, os móveis, o caixote que traz os móveis, as embalagens de cartão de qualidade, têm de levar mais de 80% de madeira de pinheiro”, exemplificou João Gonçalves.

Criada para a valorização da floresta de pinho, a Centro PINUS reúne 24 associados, entre representantes da indústria, universidades e organismos estatais. Comemora os 20 anos de atividade com uma conferência, na sexta-feira, em Coimbra.

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