Com a chegada dos dias mais quentes, aumentam os passeios na natureza e as atividades ao ar livre. No entanto, esta altura do ano traz também um risco acrescido de contacto com carraças com potencial para transmitir doenças graves, como a febre da carraça.
A chamada febre escaro-nodular, mais conhecida como febre da carraça, é uma infeção provocada pela bactéria Rickettsia conorii, transmitida ao ser humano através da picada de carraças infetadas. Apesar de ser uma doença tratável, pode evoluir com complicações se não for diagnosticada e tratada atempadamente.
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Esta infeção é endémica em Portugal e regista-se sobretudo entre a primavera e o verão, especialmente em zonas rurais ou com vegetação densa. Cães e outros animais de estimação podem servir como veículos indiretos de transmissão, transportando carraças sem que os donos se apercebam.
A bactéria é transmitida quando a carraça permanece fixada à pele durante várias horas — muitas vezes mais de seis — tornando essencial a vigilância após caminhadas ou piqueniques no campo.
Os sintomas podem surgir entre uma a três semanas após a picada e incluem febre alta, dores musculares, dores de cabeça, suores intensos e, em alguns casos, sintomas gastrointestinais. Um dos sinais mais característicos é o aparecimento de uma lesão escura no local da picada, a chamada escara de inoculação. Com o tempo, pode ainda desenvolver-se uma erupção cutânea que afeta várias zonas do corpo, incluindo as palmas das mãos e plantas dos pés.
Evitar picadas é a melhor forma de proteção. A Direção-Geral da Saúde recomenda: “Caminhar por trilhos definidos e evitar vegetação alta; Usar calças e mangas compridas, de preferência em tons claros; Aplicar repelente na pele e na roupa; Inspecionar o corpo e o couro cabeludo ao regressar a casa; Verificar também os animais de estimação e protegê-los com produtos adequados”.
Caso encontre uma carraça presa à pele, é fundamental retirá-la o mais rapidamente possível. Use uma pinça de pontas finas, agarre o parasita junto à pele e puxe com cuidado, fazendo um ligeiro movimento de rotação. Após a remoção, limpe e desinfete a área. Caso surjam sintomas nos dias seguintes, deve procurar imediatamente assistência médica, revela o Hospital Lusíadas.
O tratamento da febre da carraça baseia-se em antibióticos, sendo geralmente eficaz quando iniciado precocemente. Crianças tendem a ter quadros mais leves, mas idosos ou pessoas com imunidade comprometida podem apresentar complicações mais graves, dá conta o médico Carlos Candeias.
A febre da carraça é uma doença silenciosa nas primeiras horas, mas que pode tornar-se grave se ignorada. A prevenção, a atenção aos sinais e a intervenção médica rápida são essenciais para aproveitar o verão com saúde e segurança.
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