Coimbra

Fantasias de Natal Academista

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 12-11-2016
Jogo montado à entrada/saída da AG

Divertimento montado à entrada/saída da AG

Nenhum dos cerca de 100 associados que ontem e hoje passaram pelas assembleias gerais (AG) da AAC/OAF teve a uma palavra para os funcionários que têm vários meses de salário em atraso.

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O que pode provar que a falência da “instituição” é mais do que técnica.  No fundo, bem no fundo do saco sem fundos, aplica-se ao clube o que uma líder de Leiria disse em relação a Coimbra: Não passa de uma aristocrata falida. A crise não é só financeira.  É de valores. Morais. Éticos. Solidários. Que andam na boca de toda a gente, mas não entram no estômago de quem tem de pagar as suas contas.

Também ninguém falou da “novela” do valor que a AAC terá a receber da CMC. Devem estar à espera da “metodologia” aprovada pela autarquia!

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A culpa é do Coroa? Do Simões? Do Almeida? Não! É mesmo da cidade. Da “universalicidade”. Que pede tudo. E dá pouco a um amor que finge ser tão louco. “Se vivesses no céu…”.

Como manda a tradição, que continua a ser o que era, mas que não respeita quem gosta de cumprir horários, foi preciso a habitual meia hora para existir quórum que permitisse realizar a primeira das duas assembleia que decorreram na noite de sexta para sábado.

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A primeira, Ordinária, para:

1. Apreciar e votar a proposta de orçamento da Direção da Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol para a época desportiva 2016/2017;

2. Apreciar e votar o relatório e contas da Direção da AAC-OAF e os pareceres e relatórios do Conselho Fiscal e do Revisor Oficial de Contas referentes à época desportiva 2015/2016;

3. Apreciar o balanço, a demonstração de resultados e o anexo ao balanço de 2015/2016, conjuntamente com o relatório sobre o estado e evolução dos negócios e a proposta de aplicação de resultados da Gerência da Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol, SDUQ, Lda;

4. Autorizar, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 11.º do Pacto Social da AAC-OAF, SDUQ, Lda., o representante do sócio único em declarar a vontade deste em aprovar o relatório de gestão e as contas de exercício de 2015/2016, a atribuição de lucros e o tratamento dos prejuízos propostos pela Gerência;

A segunda, Extraordinário, com o objectivo de:

1. Analisar, discutir e votar a proposta da Direção para que lhe seja concedida autorização para realizar empréstimos e outras operações de crédito, que, cumulativamente, tenham prazos de liquidação que ultrapassem o seu mandato e excedam em 10% o montante global do orçamento de despesa do ano anterior;

2. Analisar, discutir e votar a proposta da Direção para que lhe seja concedida autorização para a alienação ou oneração de bens imóveis e, bem assim, sobre a sua aquisição, desde que esta importe valor superior a 10% do orçamento da despesa do ano anterior;

Também faz parte da tradição que, com mais “vírgula” ou menos “vírgula” acrescentada por especialistas em Direito formados à sombra da velha escola de Coimbra, seja tudo aprovado ao fim de longas horas de “conversa de café”.

A excepção que confirma a regra das reuniões magnas da AAC/OAF foi quando andaram meses a discutir os Estatutos que já estavam desactualizados quando, finalmente, foram aprovados.

A primeira surpresa da noite é proporcionada por José Eduardo Simões. É a primeira vez que está numa AG desde que foi obrigado a demitir-se.

Vem com a família. Transporta um  dossiê vermelho. Quer ver as contas. Que não aparecem. Quando chegou já não havia fotocópias. Fizeram poucas. Por causa da falta de papel. Literalmente.

É um grande dia para JES. Comemora mais um aniversário. À sua beira senta-se Luís Godinho. Vasco Oliveira e António Preto também ficam perto do ex-líder. Outros antigos elementos do seu in circle como Fernando Oliveira, Carlos Clemente, Salvador Arnaut, António Figueiredo, Luís Reis preferiram a distância e distanciaram-se do aniversariante, a quem a esposa desejou “Parabéns, Zé”.

Simões aproveita a data para subir a um palco que já foi mais seu.Lembra que a Académica lhe deve 2 milhões. Afirma que são dele. Não são de Emídio Mendes. “Nunca cobrei um cêntimo de juros”. Não estou aqui para prejudicar a Académica. Solicitei um plano de pagamentos. Nunca recebi uma resposta da nova Direcção.

O anterior Presidente, condenado por corrupção durante os seus mandantes, aproveita para exigir verdade e respeito em relação a si e às contas. Pelo meio, a propósito dos orçamentos dos clubes, acusa o Arouca de falsear as contas que apresenta na Liga.

José já não é Rei da AAC, mas faz questão de falar de Coroa: Recorda os cheques carecas que encontrou quando chegou à Académica pela mão de João Moreno.

Simões não fica sem resposta. Campos Coroa sobe ao palanque para voltar a fazer contas com que contribuiu para a sua demissão. Aproveitou para acusar Rui Alegre, então genro de Américo Amorim (Casino Figueira e Dolce Vita), de ser um dos que provocou a sua queda. Não venham para aqui chorar que não vale a pena, diz Coroa depois de ter dito que está farto de virgens ofendidas.

O segundo momento inesperado do serão fica a cargo de Paulo Almeida. Confessa que a Académica não conseguiu concretizar a operação de leaseback que proporcionaria um encaixe de um milhão em troca da alienação da academia que já não é Dolce Vita. Admite que não há nenhuma alma na banca que confie em tão briosa instituição.

O Presidente da Académica alega que é por causa da débil situação da Académica. Traduzindo: Não há nenhuma entidade capaz de acreditar que a AAC/OAF tivesse capacidade para pagar 8 000/mês durante 12 anos, isto no caso de querer voltar a ser proprietária da universalidade que detém nos Campos do Bolão.

Em surdina, há quem diga que o problema não é só de crédito, mas de direitos sobre o edificado nos terrenos que a autarquia cedeu ao clube para este erguer a academia.

Sendo assim, fica por saber porque a Direcção precisa que “lhe seja concedida autorização para realizar empréstimos e outras operações de crédito, que, cumulativamente, tenham prazos de liquidação que ultrapassem o seu mandato e excedam em 10% o montante global do orçamento de despesa do ano anterior”. 

Certo é que agora pode, como também pode vender a actual (Solum)  e a antiga sede (Arcos do Jardim). Haja dinheiro!  Pedem 3 milhões pelo Pavilhão Jorge Anjinho. 1 milhão pelo prédio da Alexandre Herculano.

Os dois imóveis eram para ser vendidos segundo a lei da oferta e da procura. No entanto, por sugestão de um grupo de associados, o espaço com vistas para os Arcos do Jardim deverá ser adquirido por uma entidade a constituir exclusivamente por sócios. Vão ter pouco mais de 1 mês para angariar o tal milhão.

Nenhum associado ousou recordar que o Jorge Anjinho está dado como garantia à Autoridade Tributária para garantir pagamentos em atraso de IVA e IRS, o que pode inviabilizar qualquer transacção. Todos se mantiveram em silêncio na hora de saber pormenores sobre o longo contrato de arrendamento que pode valorizar ou desvalorizar a casa onde funciona o restaurante Steel, imovel sob o qual também pendem ónus por causa de um processo de execução final contra a PROCAC. Estamos a falar de valores que podem atingir os dois milhões e meio de euros.

O dinheiro é necessário em dezembro. É preciso ter impostos em dia para permanecer nas competições profissionais. Se não vier, descemos de divisão, alerta Paulo Almeida.

Inquirido por um sócio, o Presidente afirmou, sorridente, que continuar a acreditar no futuro da Briosa e no regresso à primeira divisão, mas já deve ter pensado centenas de vezes na encruzilhada onde o meteram.

Está visto que enquanto há vida há esperança que volte a haver dinheiro, por isso adiantou que a Académica vai aderir ao PERES. Espera poder ter autorização para receber 0,5% de donativos do IRS dos sócios que o queiram dar. Vai vender bilhetes online. Mandou fazer uma Aplicação para smartphones. Só lhe falta inventar uma máquina de fazer dinheiro, dizemos nós, que sabemos que o estádio ainda é EFAPEL porque o clube não tem dinheiro para remover os símbolos da empresa que continua a patrocinar as camisolas.

Paula Cruz protagoniza o terceiro momento de televisão da AG. A esposa de José Eduardo Simões está triste.

Triste porque entende que a Académica não prestou a devida homenagem ao seu pai, o médico Dário Cruz, falecido recentemente (João Vasco Ribeiro respondeu que não foi por mal e no final da sessão falaram durante alguns minutos). Triste porque Paulo Almeida disse que José Eduardo Simões tinha andado a passar cheques da Académica a favor da mulher. Visivelmente emocionada, revelou a sua versão da história e contou a história da sua vida profissional e académica. Antes de descer da tribuna, Paulinha deu os parabéns ao seu Zé e citou Pessoa, Fernando Pessoa: Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

Se desejar ver o filme a cores, veja este vídeo do que a Académica transmitiu em directo. (Qualquer dia inventam o televoto e nem os centena de sócios que esteve nesta AG precisa de sair de casa). Para além destes protagonistas poderá ver as intervenções de Fernando Oliveira, Luís Godinho, Rui Alarcão, Nuno Oliveira, Pinto Mendes, Rui Frias, Luís Filipe Pereira, Mateus Ferreira… é tipo RTP Memória, aliás Académica Nostalgia. Traz prá frente!

E os orçamentos, balanços, relatórios…?  Aconteceu o mesmo de sempre. Tudo, todos  e cada qual aprovados por esmagadora maioria.

O “Passivo Geral” da AAC/OAF, SDUQ, Lda é de  4 775 301, 77€. O da AAC/OAF cifra-se em  4 464 198, 52€. São mais de 9 milhões de euros! Está tudo dito. Nem tudo foi escrito sobre esta falência mais do que técnica.

 

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